BRASÍLIA - Governador de Goiás por quatro mandatos, Marconi Perillo (PSDB) admitiu a possibilidade de concorrer novamente ao cargo na próxima eleição contra Daniel Vilela (MDB) — vice-governador e aliado de Ronaldo Caiado (União Brasil), adversário político de Perillo. A intensificação das tensões entre Perillo e Caiado antecipa o cenário das eleições em Goiás.
A situação se agravou na última sexta-feira (7), quando a Polícia Federal (PF) mirou Marconi Perillo, que é presidente do PSDB, no cumprimento da Operação Panaceia para investigar suspeita de desvios na saúde entre 2012 e 2018 — períodos em que o tucano governou Goiás.
Alvo da ação, Perillo acusou Caiado de 'perseguição política'. Nesta quarta-feira (12), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou a suspensão do inquérito.
Perillo avalia que a investigação é cercada por irregularidades e acredita que é vítima de 'covardia política'. Segundo ele, as indisposições com Caiado começaram após o término de seu último mandato. “Ele [Caiado] trata os adversários políticos como inimigos”, analisou.
Publicamente, o governador de Goiás refutou as declarações de Perillo e argumentou que os 'ataques' do presidente do PSDB pretendem “esconder desvios de recursos públicos” e “atacar grosseiramente duas instituições respeitadas como a Polícia Federal e a CGU [Controladoria-Geral da União]”.
Futuro político do PSDB
O presidente do PSDB, Marconi Perillo, rejeitou uma possível fusão do partido com outras siglas e declarou que interromperá as negociações sobre a incorporação da legenda. Nesta quarta-feira, Perillo afirmou que defenderá que o partido permaneça como uma sigla solitária 'em respeito ao legado do PSDB' e aos filiados. “A partir de hoje, vou defender a continuidade do PSDB”, declarou a O TEMPO.
A possibilidade de fusão do PSDB, principalmente com o MDB de Baleia Rossi — cotado para incorporar os tucanos, guardava rejeição de figuras importantes do partido. As recentes filiações dos senadores Styvenson Valentim (PSDB-RN) e Oriovisto Guimarães (PSDB-PA) constam entre as razões do tucanato para recuar da possibilidade de fusão partidária.
Com o ingresso dos políticos na bancada do PSDB, até então com o solitário Plínio Valério (PSDB-AM), o partido recupera o gabinete da liderança no Senado Federal e a possibilidade de concorrer às comissões e ocupar cargos de prestígio.
A hipótese de fusão do partido ganhou fôlego em declarações recentes de Marconi Perillo, que admitiu a possibilidade de pôr fim à trajetória dos tucanos. O MDB não era o único cotado para incorporá-los, e o PSD de Gilberto Kassab também apareceu como concorrente pelo futuro político do partido.
A avaliação interna no PSDB é que a legenda atravessou um processo de encolhimento, e o próprio Perillo reconheceu que o partido errou ao não lançar um candidato próprio na última eleição presidencial. Outra análise é que a polarização do país representada nas figuras de Jair Bolsonaro (PL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) engoliu o PSDB em meio à crise de identidade que o partido enfrenta.
Fato é que as negociações para fusão esfriaram, e Perillo avaliou que é hora de interrompê-las.