BRASÍLIA – O senador Romário (PL-RJ) vai apresentar seu relatório final da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas em reunião marcada para terça-feira (11). Os integrantes do colegiado deverão apresentar o voto sobre a conclusão dos trabalhos em sessão marcada para quarta-feira (12).
A CPI foi instalada em abril de 2024, com o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) eleito presidente. O objetivo da comissão é investigar denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, envolvendo jogadores, dirigentes e empresas de apostas. A comissão tem autorização para funcionar até 15 de fevereiro.
Na pauta da reunião de terça-feira também consta o requerimento que pede à Polícia Federal informações sobre a transferência internacional do empresário William Pereira Rogatto. Conhecido como “rei do rebaixamento”, ele foi preso pela Interpol no início de novembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Rogatto é suspeito de manipulação de resultados de futebol e campeonatos. Ele foi ouvido pela CPI em outubro, quando admitiu a manipulação de jogos de futebol no Brasil e disse ter ganho aproximadamente R$ 300 milhões nesse esquema, que lucra com o rebaixamento de times.
O empresário confessou ter rebaixado 42 times de futebol, tendo atuado nas federações de futebol de todos os estados brasileiros, no Distrito Federal e em nove países, como Colômbia. Ele afirmou ainda que “o esquema de manipulação dos jogos só perde para a política e o tráfico de drogas, em termos de valores”.
Investigado na Operação Fim de Jogo, do Ministério Público do Distrito Federal, e na Operação Jogada Ensaiada, da Polícia Federal, Rogattto afirmou que o esquema de manipulação dos jogos existe há mais de 40 anos e que a “hipocrisia maior do mundo está em ter um clube de futebol hoje e ser patrocinado por uma casa de aposta”.
“O sistema é muito além disso, os grandes não vão cair nunca. Estamos falando de dentro da CBF, de dentro das federações, tenho provas e vídeos. Isso não vai dar em nada, vai fazer vítimas do sistema e, no final, não vai acabar porque não é de agora. Isso existe há mais de 40 anos, eu fiz parte do sistema”, disse Rogattto ao senadores.
“Se eu tiver que pagar, vou voltar para o Brasil e pagar. Eu sou só apenas uma ferramenta, o mundo do futebol é muito mais do que a gente pensa. Não vai dar em nada, a gente vai passar por isso, nunca vai acabar, a maior máfia está dentro da federação”, emendou o empresário.
Rogatto depôs por videoconferência à CPI. Na época, ele morava em Portugal. Ele se colocou à disposição dos senadores para contar e exibir detalhes do “complexo sistema”, que inclui fotos, vídeos, negociações, gravações e conversas envolvendo a manipulação de jogos.
Já Romário, hoje com 59 anos, jogou em grandes times do Brasil e da Europa. Venceu a Copa do Mundo de 1994. Depois se tornou empresário, dono de empresa de marketing esportivo, e senador. Em fevereiro de 2024, tomou posse como presidente do America-RJ. O time é patrocinado por uma casa de apostas. O contrato foi negociado por Romário.