BRASÍLIA – O deputado distrital Daniel Donizet (MDB) se recusou a fazer o teste do bafômetro ao ser parado por policiais militares, na noite de quinta-feira (26), no Riacho Fundo I, região administrativa do Distrito Federal. Ele deu carteirada, mas acabou autuado.

Motoristas e motociclistas acionaram a PM porque uma Nissan Frontier fazia movimentos perigosos em uma estrada distrital. Houve relatos de suspeitas de embriaguez ao volante. A caminhonete era dirigida por Daniel Donizet, que foi parado por uma viatura da PM.

Em nota, a PMDF informou que a abordagem ocorreu por volta das 20h e foi feita por uma equipe do Batalhão de Policiamento Rodoviário. Durante a revista, nada de ilícito foi encontrado, mas Donizet se negou a fazer o teste de alcoolemia. Ele foi autuado pela recusa.

Ainda segundo a PM, um familiar habilitado compareceu ao local e fez o teste do bafômetro. Com o resultado negativo, ele retirou o veículo. Mas PMs relataram que o deputado tentou usar o cargo para evitar a autuação, inclusive ligando para outras autoridades. 

O site Metrópoles publicou trechos da ocorrência policial. Nela há o registro que os PMs encontraram uma garrafa de cerveja dentro da caminhonete. Daniel Donizet disse que “realmente havia bebido mais cedo, mas que agora estava em totais condições de dirigir”.

O parlamentar aceitou fazer o teste do bafômetro, mas a viatura não tinha o equipamento, por isso os PMs pediram o apoio de outra equipe. A partir daí, segundo os policiais, “por diversas vezes, ele tentou fazer com que a equipe o liberasse para seguir viagem”, “dizia que era amigo da polícia e tinha um irmão que era policial militar”.

Sem sucesso, Donizet começou a fazer ligações e, “a todo tempo, falava que iria ligar para o secretário de Segurança Pública, para o governador e para o deputado Hermeto”. Os policiais disseram que o parlamentar também perguntou o nome de cada PM da guarnição e anotou no celular, “como tentativa de intimidação”.

Em seguida, chegou o equipamento para o teste do bafômetro, mas o deputado se recusou a fazê-lo. Os PMs informaram que ele seria autuado, conforme dispõe o artigo 165-A do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e que deveria entrar em contato com pessoa habilitada para que o carro fosse retirado do local.

Daniel Donizet, então, ligou para o deputado distrital Hermeto (MDB), colega de partido e de bancada, que é subtenente da reserva da PMDF. Ele passou o telefone para um subtenente que estava na ocorrência.

Segundo o registro feito pelos PMs, Hermeto afirmou que “não iria se intrometer nesse assunto e que todos os procedimentos legais deveriam ser tomados normalmente”.

O parlamentar foi autuado com base no artigo 165-A do CTB, que trata da recusa do motorista ao teste do bafômetro ou outro que possa identificar embriaguez. A infração é gravíssima e prevê multa de R$ 2.934,70 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses.

Ao Metrópoles, o deputado distrital Hermeto confirmou que recebeu a ligação de Daniel Donizet e disse ao subtenente responsável pela abordagem para “cumprir a lei”. “A lei é para todos, principalmente para nós que somos deputados”, declarou.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) convocou uma reunião emergencial para expulsar o Daniel Donizet do partido, após o parlamentar tentar dar carteirada ao ser parado pela PM. A reunião deve ocorrer na próxima segunda-feira (30).

A reportagem procurou a assessoria de Daniel Donizet para comentar o caso, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Denúncia de assédio sexual

Em abril, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apresentou denúncia contra Daniel Donizet por assédio sexual. O crime envolveria assessoras que trabalhavam na Administração Regional do Gama. O caso está sob segredo de Justiça

Em 2023, a policiais civis da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central de Brasília) instaurou um inquérito para apurar uma denúncia de violência sexual que envolvia Donizet. O distrital ocupou o cargo de administrador do Gama em 2019.

A defesa do parlamentar alegou que a denúncia apresentada pelo MPDFT trata de “acusações antigas, mentirosas e integrantes de uma ofensiva grandiosa, motivada por interesses políticos, para tentar desmoralizar o parlamentar perante a opinião pública”.