BRASÍLIA — Afastado das discussões políticas diante de indisposições com o irmão e rixas no Ceará, Ciro Gomes (PDT) prepara um retorno à cena, intensificando as aparições na capital do país a partir de maio.
O primeiro ato aconteceu na terça-feira (25), quando Ciro reuniu a bancada do PDT na Câmara dos Deputados. O encontro aconteceu no Lago Sul, região nobre de Brasília, e aliados classificaram a reunião como um jantar “discreto” para “avaliação do cenário político”.
Ali, diante de apoiadores, Ciro expressou preocupação com a economia brasileira e criticou medidas recentemente adotadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para corrigir os índices ruins de popularidade e ampliar o poder de compra da população.
O principal ataque foi dirigido ao Crédito do Trabalhador, política de empréstimo consignado apresentada pelo Palácio do Planalto no início do mês. A bancada do PDT avalia que o programa é “covardia com a população pobre”.
Durante o encontro, aliados questionaram Ciro sobre a participação dele nas eleições de 2026. Entretanto, a um ano e seis meses do pleito, ele não admite a intenção de concorrer à presidência da República; mas, para correligionários, a conclusão é que ele será, sim, candidato.
Nos últimos três anos, após o confronto entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula nas eleições de 2022, Ciro Gomes adotou uma postura mais discreta, mas ainda assim muito crítica à polarização e à gestão petista.
Ex-ministro da Fazenda, ele chegou a declarar que não concorreria mais à presidência. Em relação a Lula, observadores indicam que eles não retomaram o contato rompido e que há certo ressentimento de Ciro em relação ao petista.
Hoje, o PDT participa do governo Lula com a presença do ministro Carlos Lupi, filiado à sigla, à frente da Previdência. Na Câmara dos Deputados, a bancada pedetista também acena ao Palácio do Planalto, e o partido se dispôs a liderar a bancada governista no Legislativo diante de uma possível saída de José Guimarães (PT-CE) do posto.