BRASÍLIA - O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) estava em um café da manhã com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e colegas da oposição quando saiu a notícia de que ele é um dos indiciados pela Polícia Federal (PF) no caso conhecido como “Abin paralela”.
O encontro foi na manhã desta terça-feira (17) na casa do líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), em Brasília. Ramagem apareceu em fotos divulgadas do café da manhã.
A oposição se reúne semanalmente na casa de Zucco, mas nesta terça-feira contou com a presença de Motta para tratar, entre outros temas, da votação da proposta que derruba o decreto de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O decreto de alta do IOF foi feito por decisão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas amplamente criticado no Congresso Nacional. A derrubada da norma foi encabeçada pela oposição e teve a urgência aprovada na segunda-feira (16).
A oposição quer, agora, que o mérito do texto entre na pauta - decisão que cabe a Motta. O líder afirmou que o assunto será tratado em uma reunião que será convocada por Motta com líderes partidários na quarta-feira (18). "A gente vai conversar hoje com os líderes, mas amanhã, de forma organizada nessa reunião que será organizada por Hugo Motta, o IOF será pauta", declarou.
Segundo Zucco, outro tema tratado no encontro foi a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O requerimento deve ser lido em sessão do Congresso nesta terça-feira, mas os trabalhos só devem começar no segundo semestre.
Ramagem, que foi chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi indiciado pela PF junto a mais de 30 pessoas. Entre elas, o próprio Jair Bolsonaro e um de seus filhos, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Investigações revelaram que a “Abin Paralela” foi um esquema de espionagem ilegal de autoridades e jornalistas. O monitoramento era feito por meio de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis, como celulares e computadores, sem autorização judicial. O software utilizado foi o FirstMile, adquirido e administrado durante a gestão de Ramagem na Abin.
Teriam sido espionados ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. A lista conta também com os nomes dos ex-presidentes da Câmara dos Deputados Arthur Lira e Rodrigo Maia, além do ministro da Educação, Camilo Santana, que à época era governador do Ceará.