BRASÍLIA - A comitiva de senadores que foi aos Estados Unidos negociar a tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump sobre exportações brasileiras começa nesta segunda-feira (28/7) a agenda oficial. O grupo chegou a Washington, capital dos EUA, no fim de semana.
Às 8h30 desta segunda-feira (horário local), os senadores serão recebidos para um café da manhã pela embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, e pelo diplomata e ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) Roberto Azevêdo, que representa o setor privado nas negociações. Em seguida, participarão de reuniões fechadas com a presença de outros diplomatas.
A partir das 13h, a comitiva terá reuniões com lideranças empresariais e representantes do Brazil-U.S. Business Council, uma espécie de conselho comercial entre os dois países. As agendas serão na sede da Câmara de Comércio dos EUA.
Os compromissos seguirão até a quarta-feira (30/7), quando há previsão de uma entrevista à imprensa, na Embaixada do Brasil em Washington, para apresentação do balanço da viagem oficial.
O grupo que foi aos EUA é liderado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS). Integram a comitiva, ainda, os senadores Tereza Cristina (PP-MS), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL), Esperidião Amin (PP-SC) e Jaques Wagner (PT-BA) - este último é líder do governo Lula no Senado.
Já nos EUA, os senadores se reuniram na noite de domingo (27/7) para uma reunião de alinhamento dos trabalhos. O objetivo da comitiva é abrir canais de diálogo institucional entre os poderes legislativos do Brasil e dos Estados Unidos e negociações para minimizar o impacto das tarifas a setores estratégicos da economia brasileira.
A taxa de 50%, imposta por Trump neste mês de julho, entrará em vigor a partir de sexta-feira (1º/8), sem possibilidade de carência ou prorrogação, de acordo com o governo dos EUA. Na justificativa da sanção, Trump citou diretamente a ação por golpe de Estado que tem como réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para autoridades brasileiras, há uma clara tentativa de interferência de Trump na Justiça brasileira. A sanção, porém, chegou a ser defendida por alas da oposição, inclusive alinhadas ao deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA e declarou que o fim do tarifaço está condicionado à aprovação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Pelo menos 30 setores da economia brasileira que direcionam pelo menos 25% de suas exportações os EUA devem ser atingidos com a nova tarifa. É o caso de tratores e máquinas agrícolas (previsão de queda estimada de 23,6% nas exportações e retração de 1,86% na produção), aeronaves (recuo de 22,3% nas exportações e redução de 9,2% na produção) e carnes e aves (11,3% de queda nas exportações e impacto de 4,2% na produção nacional).
Dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) estimam perdas de até R$ 175 bilhões nos próximos 10 anos pelas tarifas unilaterais dos Estados Unidos. A cifra representa uma redução a longo prazo de 1,49% do Produto Interno Bruto (PIB).