BRASÍLIA - Na madrugada deste sábado (26/7), o deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou o acampamento que havia iniciado horas antes na Praça dos Três Poderes, após ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Lopes levou uma barraca para a praça na tarde da sexta e anunciou que ficaria ali em greve de silêncio em protesto contra as medidas do tribunal. 

Bolsonaro e aliados são réus no STF por suposta tentativa de golpe de Estado. Na semana passada, Moraes ainda determinou que o ex-presidente usasse uma tornozeleira eletrônica para evitar fuga do país durante o processo judicial, além de outras medidas restritivas, como proibição do uso de redes sociais.

O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) foi ao local e disse que acamparia ao lado de Hélio Lopes, também chamado de Hélio Negão. Outros manifestantes começaram a se reunir na Praça dos Três Poderes, onde ocorreu os atos de 8 de janeiro de 2023. Com isso, o entorno da praça foi cercado por grades e houve reforço da segurança.

"Fui informado de que a Praça dos Três Poderes foi cercada pela PM e que está em curso uma ação judicial visando ordenar nossa retirada do local. Reitero que: 1.Nossa manifestação é pacífica, amparada nos artigos 5º, 53 e 1º da Constituição Federal. 2.Estamos no exercício pleno do nosso mandato e não violamos qualquer norma legal. 3.Não aceitamos intimidações ou retaliações institucionais contra um protesto legítimo, silencioso e simbólico. Não temo cercos, nem decisões arbitrárias. Permaneço com a Bíblia, a Constituição e a consciência limpa. Se a liberdade precisa de escolta, então já não estamos em uma democracia plena", escreveu Lopes, no X.

Na madrugada, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi pessoalmente à praça para notificar os deputados.  Ibaneis afirmou que havia sido intimado por Moraes a cumprir uma ordem de desocupação, expedida no âmbito do inquérito das fake news.

Em 2023, Ibaneis ficou 90 dias afastado do governo, por ordem de Moraes, que entendeu que o governador se omitiu nos ataques contra a democracia em 8 de janeiro daquele ano. No entanto, ele não foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e o inquérito foi arquivado.

Neste sábado, acompanhado do secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, Ibaneis dialogou com os deputados e seus advogados. Após a leitura da decisão judicial, os parlamentares decidiram sair de forma pacífica.

“Recebemos uma intimação, que veio o governador do DF pessoalmente notificar, com ordem do ministro — já sabem qual — para que pudéssemos desocupar. Estamos aqui com o Hélio Negão também. Vamos tratar com o nosso desembargador e advogado. Nós somos obedientes, mas vamos seguir orientação jurídica.”

"Ameaçaram nos prender", disse o deputado Coronel Chrisóstomo, em vídeo divulgado nas redes sociais.