O cenário para a sucessão do governador Romeu Zema (Novo) entrou na fase do “balançar da carga na arrancada do caminhão”. A expressão era usada por um ex-ocupante do cargo, Hélio Garcia (1931-2016), para se referir a períodos pré-eleitorais, sempre conturbados, mas que depois acabavam se ajeitando no decorrer da estrada. Garcia, além de político, era produtor rural.

A pouco mais de um ano e dois meses para o pleito, que acontece em 4 de outubro de 2026, há névoa sobretudo em relação às negociações para ocupação dos cargos de vice e as duas vagas para o Senado. Porém, já são intensas as movimentações de quem pode estar nas cabeças de chapa para disputa pelo Palácio Tiradentes no ano que vem.

Um dos possíveis concorrentes ao cargo é o senador Cleitinho (Republicanos), fenômeno na internet, com votação expressiva na eleição de 2022, e que por isso virou a “noiva cobiçada” da sucessão de Zema. Pelo menos dois partidos, PL e MDB, querem estar na chapa do senador, que nunca negou a possibilidade de se candidatar ao governo.

Em meio às movimentações há também um cabo de guerra entre as legendas pelo vice-governador do estado, Mateus Simões (Novo), que já confirmou a vontade de entrar na sucessão de seu colega de partido. Na disputa pelo pré-candidato estão o seu próprio partido, que tenta segurar o filiado, e o PSD, legenda para a qual Simões poderá migrar. Neste caso, porém, as articulações passam pelo senador Rodrigo Pacheco, que está no PSD, mas poderá entrar na disputa pelo governo filiado ao União Brasil.

No início da possível caminhada para o governo se encontra também o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, que busca um partido para se filiar. Em 2022, Kalil se candidatou ao mesmo cargo pelo PSD, mas deixou a legenda após ser derrotado.

Apesar de ter um nome que poderia disputar o governo de Minas – o do deputado federal Nikolas Ferreira –, o PL quer se unir ao Republicanos por dois motivos. O primeiro é evitar dois fortes nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como adversários no estado.

O outro é lançar Nikolas à reeleição, na expectativa de o deputado, que foi o mais votado do Brasil em 2022, com 1,47 milhão de votos, repita a marca e seja um puxador de votos para o partido. “Temos um bom nome para o governo do estado, mas que pode ser muito útil como puxador de votos”, afirma o presidente do PL de Minas Gerais, deputado federal Domingos Sávio, sobre o colega de partido.

MDB busca aliança, PSD corteja Simões e PT é coadjuvante

O MDB, que tem se reunido com representantes do Republicanos no estado, pode costurar uma chapa como o senador Cleitinho (Republicanos) ou lançar o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Leite, o Tadeuzinho, como candidato próprio ao governo de Minas. Procurado, o deputado não comentou.

Colocado pelo Partido Novo como sucessor de Romeu Zema ao governo de Minas, o vice-governador Mateus Simões vem sendo cortejado pelo PSD, de Gilberto Kassab, que faz parte da base de governo na Assembleia Legislativa. Mas a ida de Simões para o PSD e uma suposta disputa do governo de Minas pelo partido dependem da desfiliação da legenda do senador Rodrigo Pacheco, o pré-candidato que menos dá sinais sobre disputar ou não a eleição no ano que vem. Apenas recentemente Pacheco fez alguns movimentos nesse sentido, em viagens ao interior de Minas. Caso deixe o PSD, o senador pode se filiar ao União.

Depois de governar Minas Gerais com Fernando Pimentel entre 2015 e 2018, o PT vai seguir como partido coadjuvante na eleição para o comando do estado no ano que vem. Mesmo com o presidente Lula já deixando claro que pretende apoiar o senador Rodrigo Pacheco como candidato, a legenda não tem qualquer garantia de que vai ocupar vagas na chapa. Existia a expectativa de que a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), se candidatasse ao governo no ano que vem. Ela, no entanto, também quer o senador Pacheco na disputa. (LA)