BRASÍLIA - A definição dos rumos da bancada mineira no Congresso Nacional foi articulada por seis meses até que os parlamentares decidissem pela eleição do deputado Igor Timo (PSD-MG) no último mês.
O sucessor de Luiz Fernando Faria (PSD-MG) herda o grupo com a tarefa de pôr fim à turbulência que pairou sobre a bancada no processo eleitoral e terá em mãos os desafios de conciliar os 53 deputados e três senadores que liderará até o fim da legislatura.
A distribuição das emendas destinadas ao Estado e a articulação com o Palácio Tiradentes também constam no rol daos desafios que o deputado enfrentará. Ele assume a condução da bancada com a responsabilidade imediata de articular a derrubada dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Programa de Pleno Pagamento de Dívida dos Estados (Propag).
A perspectiva é que a discussão desses vetos entre em pauta na próxima sessão do Congresso, ainda sem data para acontecer. "Acredito que os vetos serão derrubados. Há grande comoção entre as bancadas partidárias que estão praticamente fechando questão", afirmou Timo.
"A ideia inicial é que a gente faça um acordo no colégio de líderes para que o tema volte à votação", completou em entrevista ao Café com Política.
Há ainda uma segunda etapa de negociações no âmbito do Propag. Deputados querem um diálogo mais amplificado com o governador Romeu Zema (Novo) para tratar dos ativos da União que serão entregues no processo de abatimento da dívida contraído pelo Estado.
Corre nos bastidores a avaliação de que há ativos que não deveriam ser incluídos no cálculo. O principal imbróglio hoje gira ao redor da federalização da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). "É uma situação muito sensível porque tem áreas que eu, particularmente, acho que precisam ser melhor discutidas, como a educação", citou Timo.
"Cada ente federativo tem que ter sua responsabilidade sobre a educação. Então, não julgo assertivo transferir essa responsabilidade em um primeiro momento", completou. Ele ponderou, ainda, que é necessário que os valores negociados com a União sejam compatíveis com o mercado. "É necessário que o diálogo aconteça, por isso importa a participação dos deputados no debate", disse.
Outra questão que o deputado precisará enfrentar à frente de coordenação da bancada mineira são as emendas e a destinação a partir das regras firmadas em acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF). As emendas, aliás, são um tema polêmico no Congresso, e o coordenador rejeita as críticas dirigidas à aplicação desses valores.
Ele defende que as emendas facilitam a destinação de recursos para os municípios. "As emendas não ficam nas gavetas dos deputados para levar às bases. Elas não são transportadas em malas, são transferidas fundo a fundo com todo lastro necessário. Se for mal gerida, só acontece na ponta", explica Igor Timo. "Falar que as emendas são um dano à sociedade é um erro tremendo", completou.
"É um nome qualificado que está sendo contaminado por um viés ideológico", avalia Timo
Colega de partido de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o coordenador da bancada mineira, Igor Timo, avalia que o senador é um nome qualificado para concorrer ao governo de Minas Gerais na próxima eleição. Ele pondera, entretanto, que Pacheco é vítima da polarização política.
"Uma das coisas que mais me incomoda é ver uma pessoa como Rodrigo, que trabalha tanto pelo Estado, ser contaminada pelo viés ideológico", analisa. "É um ato de leviandade e que falta com justiça", completou.
Internamente, o partido não descarta outras opções se o senador Rodrigo Pacheco decidir não concorrer ao governo de Minas. Uma articulação com o vice-governador Mateus Simões (Novo) figura no rol de possibilidades.
"Ele tem, sim, todos os atributos para colocar o nome à disposição. É um quadro técnico que precisa ser respeitado e tem tido protagonismo na gestão do governador Romeu Zema", afirmou.
Um eventual apoio à candidatura de Simões é bem explicado pela relação costurada entre o presidente estadual do PSD, deputado estadual Cassio Soares, e a gestão Zema.