BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu na noite de terça-feira (8) com os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Este foi o primeiro encontro entre os três depois da derrota imposta pelo Congresso Nacional ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A reunião também aconteceu a uma semana da audiência de conciliação entre o governo e o Congresso marcada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que também suspendeu qualquer medida que altere o IOF até que as partes busquem um acordo. A conciliação está marcada para acontecer na tarde do dia 15 de julho, na sede da Suprema Corte.
O encontro entre Haddad, Motta e Alcolumbre aconteceu na residência oficial da Câmara, em Brasília, e contou ainda com a presença da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que faz a articulação política de Lula. Também foi uma iniciativa de Motta, que foi um dos principais articuladores da derrota do governo no tema do IOF.
Neste momento, o interesse é buscar um entendimento que possa ser levado para a mesa de conciliação no STF na próxima semana. Isso, para evitar que a falta de um acordo arraste a crise, ou até a intensifique, se a decisão for esperar uma decisão da Justiça sobre o caso.
A disputa pelo IOF gerou uma crise entre o Executivo e o Legislativo, com troca de acusações, por parte do governo, de descumprimento de acordo. O aumento do imposto foi financiado por Haddad e assinado em maio para inflar a arrecadação em R$ 20 bilhões neste ano e cumprir a meta fiscal.
O Congresso, então, passou a reagir com o discurso de que não aceitaria aumento de impostos. Haddad negociou um pacote alternativo e chegou a declarar que tinha acordo com líderes partidários sobre o texto, mas foi surpreendido com a decisão de Motta de colocar a derrubada dos decretos na pauta da Câmara.
A anulação da alta do IOF foi promulgada pelo Congresso em 26 de junho e, em 1º de julho, a Advocacia-Geral da União (AGU) bateu o martelo e recorreu ao STF, sob ordem de Lula. Haddad, então, passou a acusar a quebra de um acordo e disse que aguardava o retorno de uma ligação não atendida feita a Motta.
Publicamente, as partes se mostraram abertas ao diálogo para resolver o impasse, mas nos bastidores os ânimos demoraram a se acalmar. Motta, inclusive, chegou a ser alvo de ataques pessoais de integrantes da base governista, situação que obrigou Gleisi e o líder de Lula na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), a condenarem essas ações.