BRASÍLIA - Pressionado, o líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (AP), assumiu a culpa da derrota na eleição para a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) das fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Em manobra de última hora nesta quarta-feira (20/8), a oposição emplacou tanto a presidência quanto a relatoria do colegiado. 

Assim como o líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), Randolfe reconheceu que a base de Lula subestimou a capacidade de mobilização da oposição. “Eu assumo a minha máxima culpa enquanto líder do governo no Congresso. Responsabilidades minhas, eu não terceirizo para ninguém”, frisou o senador em coletiva à imprensa nesta mesma quarta.

De acordo com Randolfe, ele já assumiu a culpa para a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e para Lula em reunião logo após a instalação da CPMI. “Comuniquei isso à ministra e ao presidente da República, me coloquei à disposição para os melhores encaminhamentos e, agora, vamos tentar nos reorganizar”, pontuou o senador. 

Questionado se entregou o cargo, o líder do governo no Congresso Nacional desconversou. “O cargo que exerço não pertence a mim, pertence ao presidente da República. Todos os dias que exerço este cargo, eu procuro servir a este cargo. Todos os dias que ocupo este cargo, ele estará à disposição do governo”, disse Randolfe. 

O senador ainda atribuiu a postura da base em subestimar a oposição ao acordo costurado para que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicassem o presidente e o relator. “Como todo time que entra para participar de uma partida e subestima o adversário, é circunstância da vida”, explicou.

Até a instalação da CPMI, a expectativa era de que o senador Omar Aziz (PSD-AM) fosse eleito presidente por indicação de Alcolumbre, e o deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos-TO) fosse o relator, por indicação de Motta. Entretanto, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) e o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) saíram, respectivamente, como presidente e relator. 

Viana foi eleito após parlamentares da oposição a Lula assumirem as suplências dos deputados federais Mário Heringer (PDT-MG) e Rafael Brito (MDB-AL), da base do governo e titulares da CPMI, que se ausentaram. Apesar disso, Randolfe descartou qualquer retaliação do Planalto a eles. “Não, não, não. Nós, da base do governo, esperamos que quem é governo seja governo”, afirmou, dizendo que, “no conjunto da obra”, o governo estaria ganhando no Congresso.

Segundo o líder do governo no Congresso, até a instalação da CPMI, o Planalto calculava que teria maioria para eleger Aziz. “Nós, da liderança do governo, não tínhamos a informação precisa, naquele momento, sobre a ausência do deputado Rafael, que estava em viagem no exterior, e sobre a enfermidade que tem o deputado do PDT [Heringer]”, concluiu Randolfe.