Uma reunião da bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados encaminhou uma posição favorável ao afastamento do atual presidente do partido, o deputado federal Luciano Bivar (PE), após as casas de veraneio do futuro presidente da legenda, Antônio de Rueda, serem incendiadas na noite de segunda-feira (11), em Pernambuco.

Segundo o líder do União, o deputado federal Elmar Nascimento (BA), o posicionamento também é apoiado pela bancada no Senado e pelos governadores filiados ao partido. Nesta quarta-feira (13) à tarde, a Executiva Nacional da legenda se reunirá para bater o martelo sobre o assunto.

“Por todas as declarações, por todas as coletivas de imprensa que foram convocadas, as palavras colocadas pelo presidente não falam pelo nosso partido, não falam pela nossa bancada, não nos representam. Seria melhor que ele pedisse por espontânea vontade o seu afastamento, para nós não sermos obrigados a deliberar sobre isso”, disse Elmar.

Outros encaminhamentos não são descartados, como um pedido de cassação do mandato parlamentar de Bivar, defendido pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e até a expulsão do parlamentar do partido.

Deputados que ainda são próximos de Luciano Bivar devem tentar convencer o ainda presidente da sigla a renunciar ao cargo antes da reunião da Executiva. Mas correligionários não têm expectativa de que ele possa ceder.

Os caciques do União Brasil tratam o episódio como crime político e apontam Bivar como principal suspeito. Ele perdeu a liderança do partido há duas semanas, após tentar impedir a convenção que deu vitória a Rueda. Ele assume a sigla em 1º de junho. O deputado nega envolvimento no episódio.

Rueda registrou ocorrência por ameaças e acusou Bivar

Em nota divulgada nesta terça-feira, os irmãos Rueda disseram ter pedido à Polícia Civil de Pernambuco "célere e rigorosa investigação dos fatos" e que a família "não descarta a possibilidade de um atentado motivado por questões político-partidárias". No entanto, eles não citam Luciano Bivar.

Antônio de Rueda registrou, na véspera do encontro que o consagrou presidente do União Brasil, ocorrência de ameaças de morte contra ele e familiares. Rueda acusou Bivar de ser o autor. O ex-presidente do partido também tem uma casa na praia de Toquinho.

As ameaças, segundo o presidente eleito do partido, tinham como motivação justamente a disputa pelo comando do União Brasil. Ele foi eleito presidente da sigla em 29 de fevereiro. Bivar tentou impedir a convenção, mas seus adversários aprovaram um recurso para garantir o encontro. Bivar foi à reunião e chamou Rueda de “covarde”.

Um dia antes, Rueda fez representação criminal contra Bivar na Delegacia Especial de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Distrito Federal. Devido ao foro privilegiado de Bivar, a polícia pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para abertura de investigação contra ele. O caso tramita em segredo de Justiça.

Um vídeo publicado pelo portal Metrópoles mostra uma conversa dos dois ao telefone, por volta das 23h de 26 de fevereiro. No breve trecho, uma voz, que seria de Bivar, diz a Rueda que “acabaria” com o parente dele. O vídeo não mostra o contexto da conversa.

Na queixa à polícia, Rueda disse ainda que Bivar falou com ele naquela noite por meio do telefone do deputado federal Marcelo Freitas, (União-MG), que intermediou o contato. Na sequência do vídeo, gravado pela mulher de Rueda, Florinda, o vice-presidente do União Brasil disse ao deputado que esse era o motivo pelo qual vinha evitando falar com Bivar. Rueda afirmou então a Freitas que, diante da ameaça, procuraria a Polícia Federal no dia seguinte.