Integrantes da bancada evangélica chegaram ao gabinete do deputado federal Daniel Silveira (União Brasil-RJ) por volta de 9h30 desta quarta-feira (30) para fazer uma oração com o parlamentar.
Silveira passou a madrugada dentro do gabinete na Câmara para evitar abordagem da Polícia Federal e ser obrigado a colocar tornozeleira eletrônica, como determinou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em decisão.
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), chegou a afirmar que “a Igreja ora por todos os presidiários". No mesmo instante, ao ser questionado pela imprensa se considera Silveira um presidiário, Sóstenes reformulou a frase e disse que "a Igreja ora por todos os cidadãos".
O deputado também negou que haja alguma estratégia do grupo sobre o caso de Silveira.
"Nenhuma estratégia. Nós viemos orar com ele. Somos da Frente Parlamentar Evangélica e só vãos fazer uma oração. Não existe estratégia nenhuma", frisou Sóstenes.
Estiveram no gabinete para fazer a oração os deputados Pastor Eurico (Patriota-PE), Greyce Elias (Avante-MG) e Helio Lopes (União-RJ). Eles passaram cerca de 10 minutos dentro do gabinete.
Logo depois, o deputado Filipe Barros (União-PR) chegou ao local com pelo menos três sacolas de comidas para Silveira e os assessores que ainda estão no escritório parlamentar.
Silveira passou a noite no seu gabinete. Ele chegou ao local por volta de 1h da madrugada carregando um travesseiro. Depois, o deputado Luiz Lima (PL-RJ) chegou ao local carregando um colchão.
Antes, no plenário da Câmara, disse que não acataria a ordem de Moraes. "No dia 25, na calada da noite, mais uma vez o ministro Alexandre de Moraes, um sujeito medíocre, que desonra o STF, adotou medidas protetivas contra este parlamentar. Acontece que monocraticamente isso não cabe", disse sobre o ministro.
"Ele esquece do julgamento da ADI 5526, que diz que o parágrafo 302 do CPP, prisão preventiva, não se aplica em hipótese alguma aos parlamentares. Vejam bem. Já o artigo 319 do CPP, trata de medidas cautelares que só se aplicam se atrapalhar direta ou indiretamente o livre exercício do mandato parlamentar, que tem que passar pelo crivo da Casa", continuou na tribuna da Câmara.
Moraes acatou pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou que Silveira deve usar tornozeleira eletrônica e não pode visitar qualquer cidade do Brasil – com exceção de Petrópolis, no Rio de Janeiro, sua cidade, e Brasília, local que desempenha trabalhos legislativos.
O deputado é réu no STF por participar e estimular atos antidemotráticos, incitando o fechamento da Suprema Corte. Ele já havia sido preso em fevereiro e em junho de 2021, mas foi solto em novembro com a condição de não se comunicar com outros investigados e ficar fora das redes sociais. A ordem, no entanto, foi descumprida.
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