REPERCUSSÃO

Bolsonaristas dizem que investigação da PF quer acabar com a oposição no país

Senadores classificam Moraes como parcial e inapto para conduzir investigação que mira Bolsonaro

Por Levy Guimarães
Publicado em 08 de fevereiro de 2024 | 19:05
 
 
 
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Senadores da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmaram que a operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) que mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-auxiliares, nesta quinta-feira (8), tem como objetivo “inibir” a direita e a oposição.

Em coletiva de imprensa, o líder da oposição, o senador Rogério Marinho (PL-RN), citou o fato de o PL, partido de Bolsonaro, ser a principal sigla contrária ao governo Lula.

“Em relação à ação contra o PL, talvez a gravidade seja do mesmo tamanho. Nós estamos falando do partido que faz oposição ao atual governo, do equilíbrio e da pujança da democracia no país. Do maior partido de oposição. [...] É um contorcionismo jurídico para inibir a oposição brasileira”, disse.

Marinho cita o fato de, segundo as investigações da PF, ter sido preparada uma minuta de golpe de Estado que, entre outras ações, prenderia o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes. Segundo o senador, isso coloca Moraes como a suposta vítima no processo, o que o impediria de conduzir as investigações.

“Não é possível assistirmos a uma investigação em que claramente aquele que é a pretensa vítima é quem conduz o inquérito. Não é possível imaginarmos que haverá imparcialidade no processo. E as ações espetaculares que estão se sucedendo mostram que há uma espécie de método”, afirmou.

Questionados, tanto Marinho como o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foram ministros do governo Jair Bolsonaro, negaram ter tido conhecimento de qualquer tentativa ou cogitação de golpe de Estado enquanto fizeram parte da gestão.

O que a PF investiga

Segundo a PF, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, para tentar viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

De acordo com a investigação, o primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022. Isso ocorreu por meio da disseminação falsa de vulnerabilidades das urnas eletrônicas de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

A PF também aponta que o segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para "subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível". 

O Exército Brasileiro acompanhou o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal. A operação foi chamada pela Polícia Federal de "Tempus Veritatis" – "hora da verdade", em latim.

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