Os bolsonaristas que colocaram uma bomba sob um caminhão carregado de querosene de aviação em um dos acessos ao Aeroporto Internacional de Brasília, em 24 de dezembro de 2022, planejavam explodir também a Rodoviária do Plano Piloto.
De frente para a Esplanada dos Ministérios e com uma estação subterrânea do metrô, além de dezenas de lojas e quiosques, trata-se do ponto mais movimentado do Distrito Federal, onde chegam e partem todos os ônibus do sistema de transporte coletivo da capital.
A informação sobre o plano terrorista foi dada pelo diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) da Polícia Civil, Leonardo de Castro Cardoso, durante depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do DF, na manhã desta quinta-feira (17). Ele contou que bolsonaristas queriam colocar colocar explosivos no viaduto da Rodoviária do Plano Piloto, entre o fim do ano passado e o início deste ano.
Castro contou que os detalhes partiram de Armando Valentin Settini Lopes de Andrade, alvo de uma denúncia anônima por planos de explodir subestações de energia no DF. Assim como as bombas no aeroporto e na rodoviária, a intenção era provocar um caos social para uma intervenção das Forças Armadas, o que poderia impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República em 1º de janeiro de 2023.
“Ele [Armando] disse que foi cogitado entre os organizadores [do acampamento bolsonarista montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília]. O que eu posso acrescentar é que isso também constou em alguns outros depoimentos. Isso também constou no depoimento do George Washington e do Alan Diego”, disse o chefe da Decor, responsável pela investigação da tentativa de atentado com no Aeroporto de Brasília na véspera do Natal.
Armando Valentin disse em depoimento não concordar com a ideia de ataques e citou que o “mentor” era um indivíduo com perfil “sanguinário”. Investigadores chegaram a ele na quinta-feira anterior aos atos de 8 de janeiro (um domingo), após a Polícia Civil do DF receber uma denúncia anônima de que haveria um planejamento de colocação de explosivos ou incendiar veículos em subestações de energia do DF, como em Taguatinga, terceira mais populosa cidade-satélite.
“[O objetivo era] provocar uma interrupção na área central de Brasília e, assim, provocar o caos. Foi citado o nome e o veículo do Armando Valentim. Já nas apurações preliminares, ficamos convictos que podia acontecer algo, porque ele realmente usava aquele veículo e a descrição dele batia”, contou Leonardo de Castro. Com tais informações, agentes passaram a fazer o acompanhamento de Armando e rondas próximo às subestações de energias do DF.
Armando Valentim foi preso em 8 de janeiro, após invadir prédios das sedes dos Três Poderes, assim como outros tantos bolsonaristas – mais de mil foram presos e estão sendo julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após investigação da Polícia Federal. “Ele confirmou que participou das manifestações e que frequentou o acampamento [do QG] durante 40 dias. Participou de reuniões entre organizadores e ganhou confiança deles”, realatou o delegado.
Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira estão presos pela bomba no aeroporto. Ambos foram condenados pelo crimes. Eles também participaram da tentativa de invasão à sede da PF, em Brasília, na noite de 12 de dezembro, quando carros e ônibus foram queimados e equipamentos públicos, como placas de sinalização, foram destruídos.
O terceiro envolvido no atentado no terminal aéreo, Wellington Macedo, continua foragido. O chefe da Decor disse acreditar que ele esteja fora do país. O acusado chegou a usar tornozeleira eletrônica, após ser preso por outro ataque aos poderes da República. Ele usou o mesmo veículo para a colocação do artefato explosivo no aeroporto para fugir, indo inicialmente em direção ao Mato Grosso do Sul.