O empresário Danilo Trento negou ter participado das negociações para a compra da vacina indiana Covaxin. Ele é interrogado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a condução da pandemia de Covid-19 pelo governo federal nesta quinta-feira (22).
A negativa foi repetida pelo empresário em diversos momentos do depoimento. Segundo informações, o empresário teria viajado à Índia com o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, com a intenção de avançar no processo. A Precisa é a empresa que representou a indiana Bharat Biotech, fabricante da Covaxin, no contrato para compra dos imunizantes pelo Ministério da Saúde.
A aquisição das vacinas foi cancelada após a denúncia de irregularidades.
Um dos objetivos da CPI é esclarecer qual o grau de envolvimento dele com Maximiano. Trento afirmou que é amigo pessoal do dono da Precisa e diretor executivo na empresa, mas ficou em silêncio ao ser questionado pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre qual tipo de relação contratual possui com a empresa -sócio ou outra opção.
Trento afirmou que a FIB Bank foi fiadora de um contrato firmado entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para a compra da vacina indiana Covaxin. A garantia teria sido de R$ 80,7 milhões.
“Pelo que eu apurei e vi, o FIB Bank foi o fiador do contrato da Covaxin”, afirmou. Trento Ele é suspeito de ter participado das negociações para a compra da vacina indiana Covaxin.
Ao ser perguntando se tem relação com integrantes da família Bolsonaro, Trento negou e disse apenas conhecer “alguns publicamente, outros em eventos”.
Ele também explicou que já esteve em eventos institucionais com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), mas que a Precisa Medicamentos não tem relação com o parlamentar. O senador, filho do presidente Bolsonaro, teria facilitado um encontro entre Maximiano e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, em outubro de 2020.
O empresário se recusou a responder boa parte das perguntas feitas pelos integrantes da comissão. Apesar de ele estar protegido por um habeas corpus que o garante não ser obrigado a responder perguntas que possam incriminá-lo, emitido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o silêncio irritou senadores.
Por conta disso, a CPI aprovou a quebra do sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático do empresário.