A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a condução da pandemia de Covid-19 pelo governo federal marcou para 18 de outubro o novo interrogatório do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A data foi confirmada para a véspera da apresentação do relatório final, em 19 de outubro.
A reconvocação dele -que vai depor à comissão pela terceira vez- foi aprovada na manhã desta quinta-feira (7) após a notícia de que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) adiou a votação de parecer que contraindica o chamado “tratamento precoce”, com medicamentos sem eficácia comprovada para a Covid.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), acusou o presidente Jair Bolsonaro de ter dado a ordem para tirar o caso da pauta da Conitec. “O senhor presidente da República se irrita com o ministro Marcelo Queiroga e determina, lá do Palácio do Planalto, a retirada, na pauta da Conitec, desse tema, inclusive subvertendo a equipe técnica designada pelo próprio ministro Marcelo Queiroga”, disse Randolfe.
No momento da aprovação do requerimento, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que, no dia em que foi diagnosticado com Covid durante viagem com a comitiva presidencial aos Estados Unidos para evento da Organização das Nações Unidas (ONU), Queiroga compartilhou texto com insinuações sobre as vacinas contra a doença.
“Ele repostou uma mensagem nas redes sociais dele de uma pessoa dizendo: ‘é, mas o senhor não está vacinado? Tomou as duas vacinas e pegou assim mesmo covid?’. Ministro Queiroga, a gente não esqueceu, não, que o senhor repostou isso. E, se o senhor passou 15 dias nos Estados Unidos e já está aqui no Brasil, é porque o senhor teve a oportunidade de tomar a vacina. Por isso é que o senhor está vivo”, disse Omar.
“Infelizmente, quase 600 mil pessoas morreram no Brasil, sr. ministro Queiroga, foi por causa do tratamento precoce, que hoje a Conitec não está discutindo”, acrescentou o senador.
Também nesta quinta (7), o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que vai propor ao Ministério Público o indiciamento do ministro da Saúde no relatório final, que será apresentado no dia 19 e votado em 20 de outubro.
“A gente já teve acesso a tanta coisa do ministro da Saúde, a sua conversão ao negacionismo, as mentiras repetidas nas duas vezes que esteve na comissão parlamentar de inquérito, agora a suspensão das vacinas para adolescentes”, afirmou Renan.
“Ele (Queiroga) já produziu todos os motivos, provas e indícios para ser exemplarmente indiciado”, completou o senador.
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