Em reação ao pedido de prisão do influenciador digital Allan dos Santos, determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na última quinta-feira (21), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou, no dia seguinte, uma interpretação errônea da Constituição no perfil das redes sociais.
O filho 03 do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu que "a Constituição vai a favor do jornalista Allan dos Santos. O art. 5º, LII, prevê que 'não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião'". "Além disso, a conduta tem que ser crime no Brasil e nos EUA. Porém, para o povo não adianta explicar o juridiquês", acrescentou o deputado.
Confira a publicação de Eduardo Bolsonaro:
A constituição vai a favor do jornalista Allan dos Santos. O art. 5º, LII, prevê que "não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião". Além disso, a conduta tem que ser crime no Brasil e nos EUA.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) October 22, 2021
Porém, para o povo não adianta explicar o juridiquês pic.twitter.com/YhpgJcfCTK
O influenciador aliado do governo federal está nos Estado Unidos, para onde se mudou após ser investigado nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos. Por esse motivo, o ministro acionou o Ministério da Justiça para que seja pedida a extradição, além de pedir a inclusão do nome de Santos na "difusão vermelha" da Interpol, a lista internacional de procurados.
Na avaliação de Marilene Matos, professora especialista em direito administrativo e constitucional e presidente da Comissão Nacional de Direito Administrativo da Associação Brasileira de Advogados, a interpretação do filho do presidente não coincide com o pedido de prisão do ministro do STF.
"Os crimes que o Alexandre de Moraes está imputando ao Allan dos Santos não são 'de opinião'. Os crimes de opinião são calúnia, difamação, injúria. Ele [Allan dos Santos] está sendo apontado como autor de diversos crimes, como lavagem de dinheiro, organização criminosa, o que autoriza a extradição", observa a especialista.
"Além disso, os crimes que o Alexandre de Moraes aponta que ele cometeu são crimes com o objetivo de angariar dinheiro, não é um crime meramente de emitir uma opinião negativa sobre uma pessoa ou instituição", complementa Matos.
Embora tenha feito uma interpretação malogra da Constituição, o deputado Eduardo Bolsonaro foi um dos poucos aliados do primeiro escalão que se pronunciaram em defesa do militante bolsonarista.
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