Petrobras

CPI pretende blindar empresas 

Enquanto oposição quer mais investigações sobre a estatal, governistas vão proteger doadores


Publicado em 15 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
 
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Brasília. A CPI mista da Petrobras vai evitar eventuais quebras de sigilos bancário e fiscal das empresas e tentará blindar as construtoras envolvidas no esquema de corrupção e lavagem de dinheiro em obras da estatal. Hoje, o consenso é que parlamentares da base aliada e da oposição mantenham o acordo, firmado em maio, para impedir ações contra as empreiteiras e seus dirigentes na próxima terça-feira, quando a comissão vai se reunir para votar requerimentos.
 

Logo após a abertura da CPI mista, em maio, o jornal “O Estado de S. Paulo” revelou a existência de um acerto firmado por integrantes da base aliada e da oposição para evitar que os fornecedores da Petrobras fossem alvo das quebras de sigilo.

O acordo foi materializado no dia 16 de julho, quando nenhuma dessas empresas teve seu sigilo quebrado em sessão de votação de requerimentos pela comissão. O receio dos parlamentares era que, se as investigações da comissão parlamentar contra as empresas fossem aprofundadas, elas fechariam a torneira das doações de campanhas. As doações, de fato, ocorreram.

Levantamento indicou pelo menos R$ 170 milhões em contribuições a comitês financeiros e direções partidárias feitas pelas empreiteiras envolvidas na ação da PF desta sexta.

O valor é parcial, pois o Tribunal Superior Eleitoral ainda não processou todas as doações. Os repasses abasteceram campanhas da base aliada e da oposição, como o PT de Dilma Rousseff e o PSDB de Aécio Neves.

Alvos. A oposição avalia que a sétima fase da operação Lava Jato, deflagrada nesta exta, vai fortalecer a prorrogação da CPMI da Petrobras em 2015 e acaba com a “operação abafa” do governo para invalidar investigações no Congresso que apuram irregularidades na estatal. Líderes do DEM e do PPS afirmaram ainda que, diante do estágio da operação, os políticos serão os próximos alvos.

O líder da oposição, Ronaldo Caiado (DEM-GO), cobrou que a presidente Dilma Rousseff demita a cúpula da estatal para mostrar que não tem vinculação com o esquema.

Para o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), a ação da PF derruba a movimentação governista para barrar as investigações da CPI da Petrobras.

Já segundo o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), a operação Lava Jato vai levar a presidente Dilma Rousseff à ruína. “A operação desmoraliza o comando da CPMI da Petrobras”, destacou.

Doadoras

Empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato doaram R$ 174 milhões nas eleições deste ano:

- OAS:
R$ 52,1 milhões

- Queiroz Galvão:
R$ 51,9 milhões

- UTC:
R$ 33,6 milhões

- Construtora Norberto Odebrecht:
R$ 30,3 milhões

- Engevix: R$ 4,650 milhões

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