O deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) quebrou uma placa com charge que compunha exposição em homenagem ao Dia da Consciência Negra na Câmara.
O cartaz trazia uma charge do cartunista Latuff mostrando um policial se afastando com uma arma depois de atirar em um jovem algemado.
A peça tinha os dizeres "o genocídio da população negra" e uma explicação com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica) sobre mortes de jovens negros.
"Por sua vez, os negros são as principais vítimas da ação letal das polícias e o perfil predominante da população prisional do Brasil", dizia a placa.
Parlamentares oposicionistas da bancada negra, como Taliria Petrone (PSOL-RJ), Benedita da Silva (PT-RJ), Aurea Carolina (PSOL-MG) e David Miranda (PSOL-RJ), foram ao Departamento de Polícia Legislativa da Casa e prestaram queixa contra o parlamentar.
Segundo Taliria, os partidos também farão representação no Conselho de Ética da Câmara e irão à PGR (Procuradoria-Geral da República) protocolar representação por racismo.
Deputados confrontaram o parlamentar no corredor depois de ele quebrar a placa, chamando-o de racista. "Isso é uma violência", afirmou Benedita enquanto apontava para o cartaz, partido em dois no chão.
Nas redes sociais, Coronel Tadeu publicou a imagem da charge. "Policiais não são assassinos. Policiais são guardiões da sociedade, sinto orgulho de ter 600 mil profissionais trabalhando pela segurança de 240 milhões de brasileiros", escreveu.
Policiais não são assassinos. Policiais são guardiões da sociedade, sinto orgulho de ter 600 mil profissionais trabalhando pela segurança de 240 milhões de brasileiros. #policiavcpodeconfiar pic.twitter.com/CFVLgUkeeU
— Coronel Tadeu (@CoronelTadeu) 19 de novembro de 2019
A charge foi alvo de manifestações da "bancada da bala" ao longo desta terça. O presidente da frente parlamentar de segurança pública, Capitão Augusto (PL-SP), havia pedido ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a retirada do cartaz, dizendo que ele ofendia os policiais.
"Conforme se verifica do conteúdo da imagem, há a absurda atribuição da responsabilidade pelo genocídio da população negra aos policiais militares, prestando-se, assim, verdadeiro desserviço junto à população que trafega pelas dependências da Câmara, retratando negativamente o salutar papel dos policiais militares para a manutenção da ordem pública no nosso país", afirmou Capitão Augusto no pedido.