O primeiro ano de Romeu Zema (Novo) à frente do Estado gerou dúvidas entre os líderes de bloco na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) sobre como serão os próximos anos de governo. Há aqueles que esperam a continuidade de um projeto considerado exitoso, mas outros pedem um posicionamento mais firme do governador e seu distanciamento de ideologias do partido.

Esse último entendimento parte, inclusive, de Gustavo Valadares (PSDB), líder do bloco governista no Legislativo. Apesar de citar como positivas a franqueza de Zema e a capacitação técnica das pessoas no entorno dele, o tucano espera um afastamento de Zema em relação ao discurso do partido, que, para ele, não acompanha o “amadurecimento do governo”. “(Espero) que ele continue amadurecendo e deixando de lado um pouquinho desse discurso do Partido Novo, que, às vezes, anda na trilha da demagogia e não faz bem a Minas e aos mineiros”, avaliou o deputado.

As ponderações de Valadares vão ao encontro do que pensa André Quintão (PT), líder da oposição na Assembleia. “Esperamos que o governador sinta mais as demandas sociais da população mais pobre, que precisa do SUS, da escola em tempo integral, da assistência social, da cultura regional. Até para que ele rompa com essa ideologização de Estado mínimo e de ultraliberalismo muito alimentado pelo seu partido, que não corresponde às reais necessidades do povo mineiro. Esperamos também uma relação mais firme, uma relação de mais cobrança no que se refere àquelas elites que contribuem pouco para Minas. O governador foi muito conivente, muito brando com as atitudes da (mineradora) Vale, por exemplo, principalmente em relação à tragédia criminosa do rompimento de Brumadinho”, afirmou o petista.

Política

Entre os líderes independentes, Cássio Soares (PSD) espera ver resultados práticos na gestão de Zema. “O governador foi eleito e veio (para o cargo) com uma apresentação totalmente distinta do que era a política até então. Agora, resta saber se essa forma vai conseguir apresentar resultados ou não. Estamos torcendo para que os resultados aconteçam, para que Minas Gerais possa voltar ao período de crescimento econômico”, declarou.

Conhecido pelas frases de efeito, Sávio Souza Cruz (MDB), líder do outro bloco independente na Casa, cobrou mais jogo de cintura de Zema. “Eu já falei com ele que, se governador de Minas precisasse apenas ser um bom gestor, muito provavelmente a Constituição iria prever provimento por concurso público. Como prevê por eleição, aquilo que se espera de um governador é que ele assuma não só a gestão do Estado, mas a liderança política , que seja um líder político de dimensão nacional. É isso que os mineiros esperam sempre do seu governador”, disparou.

Já o escolhido por Zema para ser o líder na Casa, Luiz Humberto Carneiro (PSDB), tem apenas boas expectativas para os próximos anos. Ele espera que o chefe do Executivo “continue a evoluir em todos os campos e setores para que Minas possa reequilibrar as contas públicas e para que, de fato, possamos voltar a ser o Estado que merece ser, com economia robusta, empregos, salários dos servidores em dia, educação, saúde e segurança que atendam bem a todos”.

Polêmicas

Reflexos. Por algumas vezes, Zema se viu em polêmicas que repercutiram no Legislativo. Um exemplo foi tema de projeto votado na Assembleia: o pedido de manutenção dos jetons para secretários. Crítico do artifício para aumentar a remuneração do primeiro escalão durante a campanha, o governador reconsiderou. “Ele amadureceu. Não há como trabalhar com bons quadros com salário considerado baixo para o cargo”, afirmou o tucano Gustavo Valadares.