Em reunião

Doria sobe o tom e pede que Bolsonaro dê exemplo à nação; veja vídeo

Reunião entre presidente e governadores do Sudeste aconteceu nesta manhã

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 25 de março de 2020 | 10:35
 
 
 
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A videoconferência entre o presidente Jair Bolsonaro e os quatro governadores do Sudeste teve momentos de rusgas fortes entre os presentes. O momento mais tenso foi protagonizado entre o governador de São Paulo Joao Doria (PSDB) e Bolsonaro. Ao ter a palavra, Doria lamentou o pronunciamento feito pelo presidente na noite dessa terça-feira (24) em cadeia de rádio e televisão e disse que Bolsonaro, enquanto presidente, "tem que dar o exemplo, tem que ser o mandatário para comandar, para dirigir, para liderar esse país e não para dividí-lo". 

Ainda durante a sua fala, o tucano ameaçou ir à Justiça contra o governo federal caso equipamentos ou insumos médicos fossem confiscados por Brasília. "Peço ao ministro da Saúde que compreenda que o Estado de São Paulo é o epicentro dessa grave crise de saúde. Já temos aqui 810 casos de pessoas infectadas, 40 mortos dos 46 mortos no Brasil foram aqui em São Paulo. Ministro Mandetta, não faz nenhum sentido confiscar equipamentos e insumos, se essa decisão for mantida, informo que tomaremos as medidas necessárias no plano judicial para que isso não ocorra. Com todo respeito que lhe cabe e que merece, não aceitaremos o confisco de qualquer equipamento ou insumo que seja necessário em São Paulo, que repito, o epicentro dessa gravíssima crise de saúde no país", disse Doria.

Em vídeo divulgado pelas redes sociais com uma curta resposta de Bolsonaro, o presidente considerou como covardes os ataques sofridos pelo governador de São Paulo e lembrou do slogan "BolsoDoria" usado nas eleições de 2018. "Agradeço as palavras, completamente diferentes e dissociadas por ocasião das eleições de 2018 onde Vossa Excelência apoderou-se do meu nome para se eleger governador. Acabou as eleições, como fizeste com outros no passado querendo se eleger para a prefeitura, e começa a atacar, covardemente, aquele que emprestou o seu nome para a sua campanha", disparou Bolsonaro.

O presidente disse ainda que subiu à cabeça do governador paulista a possibilidade de se eleger ao Planalto em 2022. "No mais, essas suas observações (são) por ocasião das eleições de 2022, onde Vossa Excelência tenta destilar todo o seu ódio e demagogia por ocasião das eleições. Nós aqui temos responsabilidade, desde o final das eleições de 2018, Vossa Excelência assumiu uma postura completamente diferente daquela que teve comigo, até por ocasião do meu pronunciamento. Hoje subiu à sua cabeça a possibilidade de ser o presidente da República, não tem responsabilidade, não tem a altura para criticar o governo federal", concluiu.

Repercussão

Pelas redes socias, as críticas continuaram após o término da reunião. O senador Flávio Bolsonaro recorreu ao Twitter para afirmar que o tom do encontro foi de cooperação, respeito e construção de soluções. "A única exceção foi Doria, que precisa descer do palanque e pensar nas vidas das pessoas e na manutenção de empregos, como tem feito Bolsonaro.Todos os governadores, exceto o oportunista do Dória, elogiaram o pacote do governo de apoio aos Estados/Municípios, de R$ 88 bilhões, e deram outras sugestões que estão sendo consideradas pela equipe econômica do governo. Parabéns a todos, menos Dória", publicou o filho do presidente.

Também pelo Twitter, Doria disse que recebeu "um ataque descontrolado do presidente. Ao invés de discutir medidas para salvar vidas, preferiu falar sobre política e eleições. Lamentável e preocupante. Mais do que nunca precisamos de união, serenidade e equilíbrio para proteger vidas e preservar empregos". O tucano voltou a ressaltar que não se trata de "gripezinha".

Veja trechos da reunião:

 

 

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