O secretário estadual de Polícia Civil, delegado José Renato Torres, disse, em rápido pronunciamento, sem direito a perguntas dos jornalistas que haviam sido convocados para uma entrevista coletiva, que o crime na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em que três médicos foram assassinados e um quarto ferido à bala, “não ficará impune”.
“Entendemos que nós teríamos que ter uma integração para dar uma solução mais rápida sobre esse bárbaro crime. Ainda não tem 12 horas. Mas tenho certeza que esse crime não vai ficar impune”, afirmou Torres, referindo-se à entrada da Polícia Federal no caso. Ele não deu qualquer informação sobre a investigação.
Acompanhe: Veja tudo que se sabe até agora sobre os três médicos assassinados no Rio de Janeiro
Por sua vez, o delegado Paulo Garrid, da superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, afirmou que todos os protocolos de homicídio foram adotados. No entanto, ele não detalhou as medidas.
“Todos os protocolos de homicídio foram devidamente adotados. É uma investigação de um crime grave, mas asseguro que todos envolvidos estão absolutamente empenhados em resolver o quanto antes”, disse.
O pronunciamento das autoridades de segurança envolvidas na investigação das mortes dos médicos durou apenas seis minutos. Ninguém apresentou as linhas de investigação. Representantes do Ministério Público do Rio também participaram daquilo que seria uma entrevista coletiva.
Confira quem são os mortos no crime na Barra:
- Diego Ralf Bomfim: tinha 35 anos e morreu após dar entrada no Hospital Lourenço. Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina Dr. Domingos Leonardo Cerávolo, da Universidade do Oeste Paulista. Era especialista em cirurgia do pé e tornozelo e em reconstrução óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Irmão e cunhado, respectivamente, dos deputados federais Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Glauber Braga (PSOL-RJ).
- Marcos de Andrade Corsato: tinha 62 anos e morreu na hora. Ele faria 63 anos na próxima semana e era diretor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
- Perseu Ribeiro Almeida: tinha 33 anos e fez aniversário na terça (3). Ele morreu na hora. Deixou dois filhos, de 11 e 3 anos. Morador de Jequié, na Bahia, era especialista em cirurgia do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Sobrevivente levou três tiros e quadro de saúde é estável
Único sobrevivente do ataque na Barra da Tijuca, o médico Daniel Sonnewend Proença, de 33 anos, levou ao menos três tiros. O quadro dele era estável, até a mais recente atualização desta reportagem.
Proença foi levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge. Foi a unidade de saúde que informou seu estado de saúde. Familiares pretendiam transferi-lo, ainda nesta quinta, para uma unidade de saúde privada.
Formado pela Faculdade de Medicina de Marília (SP) em 2016 e especialista em cirurgia ortopédica, Proença, assim como os três colegas mortos a tiros, estava no Rio para participar do Minimally Invasive Foot Ankle Society (Mifas) – Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo –, que começa nesta quinta. O crime aconteceu em frente ao Windsor Hotel, sede do evento.
Ação durou menos de 30 segundos e teve ao menos 20 tiros
A ação criminosa durou menos de 30 segundos e teve ao menos 20 tiros. Investigadores têm as informações com base em uma câmera de segurança instalada no local dos assassinatos.
Um vídeo mostra um veículo encostando na pista ao lado da ciclovia, três homens, vestidos com roupas pretas, descendo de um carro branco, correndo na direção das vítimas e disparando. O equipamento marcava 0h59 desta quinta-feira (5).
Câmeras de segurança flagraram o momento em que homens armados descem de um carro e atiram contra quatro médicos, que estavam sentados em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira (5). Três vítimas morreram, e uma foi socorrida para um… pic.twitter.com/IHIeuziaNY
— O Tempo (@otempo) October 5, 2023
A imagem também mostra os quatro médicos sentados em uma mesa do quiosque no momento do ataque. Após atirar nos quatro, os criminosos voltaram correndo ao veículo e foram embora sem roubar nada.
Governador do RJ diz não haver dúvida que se trata de execução
O governador Cláudio Castro (PL) disse não haver dúvida de que se trata de uma execução. Ele deu a declaração ao portal G1. No X (antigo Twitter), disse que determinou à Polícia Civil que direcione todos os recursos para esclarecer o caso.
“Determinei ao secretário de Polícia Civil do Rio que empregue todos os recursos necessários para chegar à autoria do crime bárbaro que tirou a vida de três médicos e feriu outro na Barra da Tijuca. Minha solidariedade aos familiares das vítimas”, escreveu.
Cláudio Castro também disse que conversou com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que pouco antes anunciou ter colocado a Polícia Federal à disposição das investigações. “Vamos unir forças para chegar à motivação e aos autores. Esse crime não ficará impune!”, escreveu o governador.
Dino levantou a hipótese da relação do crime no Rio com atuação de dois parlamentares. Uma das vítimas é Diego Ralf Bomfim, de 35 anos, que é irmão e cunhado, respectivamente dos deputados federais Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Glauber Braga (PSOL-RJ).
“Em face da hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais, determinei à Polícia Federal que acompanhe as investigações sobre a execução de médicos no Rio. Após essas providências iniciais imediatas, analisaremos juridicamente o caso. Minha solidariedade à deputada Sâmia, ao deputado Glauber e familiares”, escreveu Flávio Dino pela rede social X.
Polícia trabalha com hipótese de execução
A polícia trabalha com a hipótese de execução, pois os assassinos chegaram atirando e foram embora sem nada levar. Testemunhas que estavam no quiosque no momento do crime contaram que os criminosos também não disseram uma palavra nem se dirigiram a outras pessoas presentes no quiosque.
PM fez rondas mas não encontrou suspeitos
A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que quando as equipes do 31º Batalhão (Recreio dos Bandeirantes) chegaram ao quiosque encontraram as vítimas sendo atendidas por socorristas do Corpo de Bombeiros. De acordo com a PM, os policiais fizeram buscas na região, mas não conseguiram localizar os suspeitos.
O policiamento foi reforçado na região na noite de quarta-feira. A perícia da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) esteve no local e a unidade especializada assumiu a investigação das mortes.