O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, afirmou nesta quinta-feira (23) que a Polícia Militar não foi autorizada pelo Exército a fazer operações de desmonte do acampamento bolsonarista que se instalou no QG do Exército após as eleições de 2022.
Elei prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do DF que investiga os atos do dia 8 de janeiro, que vandalizaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Segundo o ex-secretário, a PM não podia combater crimes no acampamento, por ser área militar. A pedido do Exército, o Governo do Distrito Federal chegou a dar apoio na segurança, limpeza e trânsito no local.
“O general Dutra [do Comando Militar do Planalto] disse que não poderíamos desmontar o acampamento. Era uma área do Exército. Portanto, precisava haver essa cooperação e o GDF não poderia agir no local. Por vezes, as operações que tentamos realizar ali foram interrompidas porque ele dizia que tinha recebido ordem para que não fosse realizada naquele dia a desobstrução, que eles fariam por conta deles”, disse o ex-secretário.
Júlio Danilo apontou que a responsável por combater delitos no local era a Polícia do Exército.
Ainda segundo o depoente, quando foram instaladas no QG, as manifestações do acampamento eram consideradas “comuns”. Só depois passaram a ser vistas como um possível problema.
"O acampamento começou após o fim das eleições. Nós tratávamos essa manifestação, no início, como comum. Depois, quando as pessoas começaram a se estabelecer, por diversas vezes, tratamos com o Comando Militar do Planalto a necessidade de desmobilização do acampamento", afirmou.
"Por que não foi à frente a desmobilização? Nós necessitávamos da concordância, apoio e da coordenação com o Exército para que a gente pudesse desmobilizar", complementou Júlio Danilo.
O ex-secretário acrescentou que no dia 29 de dezembro, o GDF faria uma operação de desmonte do acampamento, mas teria sido informado que o Exército providenciaria a operação “por meios próprios”.
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