MANIFESTAÇÃO DE POLICIAIS

‘Falastrão’ e ‘caloteiro’: Zema é criticado por policiais que pedem recomposição

Servidores das forças de segurança de Minas Gerais cobram uma recomposição das perdas inflacionárias, e acusam o governador Romeu Zema (Novo) de não dialogar com a categoria

Por Mariana Cavalcanti
Publicado em 22 de fevereiro de 2024 | 16:23
 
 
 
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Servidores da força de segurança pública de Minas Gerais se reuniram nesta quinta-feira (22) no Centro de Belo Horizonte para cobrar do Governo Estadual a recomposição da perda inflacionária dos salários da categoria. A manifestação, que teve participação de policiais civis, militares, penais, bombeiros e agentes socioeducativos, adotou um tom crítico ao governador Romeu Zema (Novo), que foi chamado de “mentiroso”, “falastrão” e “caloteiro”. 

Segundo os sindicatos presentes no protesto, o salário da categoria não recebe correção inflacionária há 7 anos, e já possui uma defasagem de cerca de 41%. Os servidores reclamam, ainda, que não conseguem manter um diálogo com o Governo de Minas, e pedem a abertura de uma mesa de negociação.

“O nosso reajuste é devido, é legal, é um direito do policial militar, do bombeiro militar, dos policiais civis e penais, e de todos os agentes de segurança pública. Nós queremos que eles marquem conosco em uma reunião, abra uma proposta de negociação. O governador não conversa com a gente, ele não negocia conosco, e nós precisamos disso”, afirmou Eduardo Abner, cabo da Polícia Militar e diretor jurídico da Associação dos Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra). 

O tom contra o governador Zema, entretanto, subiu durante a manifestação. Os manifestantes estenderam faixas ameaçando uma greve e chamando o governador de mentiroso e caloteiro. Segundo os sindicatos presentes, o governo havia prometido uma recomposição inflacionária do salário divida em três parcelas, mas teria pago apenas uma em 2022. 

“O governador Romeu Zema mente para o povo mineiro. Em 2021 ele prometeu três parcelas, ele cumpriu duas e depois voltou atrás, dando um calote nas forças de segurança pública. Depois ele mentiu de novo falando que ia dar o reajuste das perdas inflacionárias. O que o governador sabe fazer para o povo mineiro é mentir e enganar”, declarou Jean Ottoni, presidente Sindicato dos Policiais Penais.

Ottoni destacou, ainda, que caso a manifestação não gere uma resposta concreta do governo, os próximos passos da categoria são organizar uma audiência pública e, talvez, instaurar a “estrita legalidade”, chamada popularmente de “operação tartaruga”. Nesse caso, os policiais cumprem apenas o básico da lei, tornando o processo mais lento. 

“Surdo, cego e mudo”

Quem marcou presença na manifestação foi o deputado estadual Sargento Rodrigues (PL), que não poupou críticas ao governador Romeu Zema. Em cima de um caminhão de som, o deputado chamou o governador de “falastrão” e disse que o governo de estado “enganou os servidores das forças de segurança”. 

“Quando a imprensa provoca para ouvir o outro lado, o governo de estado solta uma nota falando que mantém um diálogo constante, mas é mentira, não tem sequer uma sinalização de negociação. As tentativas que a gente tem de falar com os secretários são infrutíferas. Muitas vezes nós fazemos audiência pública e durante audiência pública as respostas são sempre negativas. Sempre com frieza, seja da Secretaria de Planejamento, de Fazenda ou de Governo. É muito triste você ver um governador do Estado assumir compromisso publicamente e depois simplesmente faltar com a palavra. O governador está surdo, cego e mudo”, afirmou o deputado a O TEMPO.

O deputado estadual Cristiano Caporezzo também participou do protesto e fez cobranças ao governo de Estado. Da Câmara dos Deputados, quem esteve pressente foi o deputado federal Junio Amaral, que elogiou o movimento dos servidores.

A reportagem procurou o governo de Estado, que afirmou que "reconhece a importância dos profissionais das Forças da Segurança" e que "mantém os canais de diálogo abertos com os representantes da categoria e busca compreender e atender suas demandas, dentro do que a lei permite e das possibilidades fiscais e estruturais do Estado".

"Embora deseje manter a recomposição salarial das perdas inflacionárias para o funcionalismo a cada exercício, essa definição depende, neste momento, de equilíbrio financeiro que garanta a disponibilidade de recursos em caixa, sendo objeto de estudos permanentes por parte do Poder Executivo", completou a nota.

 

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