O confronto entre o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), e o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido), continua. O chefe do Executivo municipal publicou nesta sexta-feira (14), nas redes sociais, uma provocação ao vereador, alegando que a votação do Projeto de Lei 538/23, que define o subsídio de R$ 500 milhões para o transporte público na cidade, “segue parado” desde 21 de março, o que seria “crucial para evitar a passagem a R$ 6,90” e melhorar a qualidade do serviço. "O Presidente da Câmara espalha mentiras teatrais e atrasa tramitação, por qual interesse? Quem ganha com o caos no transporte de BH?”, acusou Fuad.
Em resposta, Azevedo publicou: “Caro prefeito, estou na Câmara Municipal trabalhando. O senhor está onde? Quer vir aqui agora? O senhor precisa dizer onde no Projeto de Lei há garantia que a passagem não vai aumentar. Trata-se de meio bilhão de reais para os empresários e só”. Após a troca de acusações, o presidente da Câmara divulgou à imprensa que convidou o prefeito para ir à Casa ainda nesta sexta-feira para que "qualquer dúvida sobre o Projeto de Lei 538/23 seja elucidada". A prefeitura ainda não respondeu se vai aceitar a proposta.
Caro prefeito, estou na Câmara Municipal trabalhando. O senhor está onde? Quer vir aqui agora? O senhor precisa dizer onde no Projeto de Lei há garantia que a passagem não vai aumentar. Trata-se de meio bilhão de reais para os empresários e só.https://t.co/mHnU1NJyea pic.twitter.com/EI63ATd59y
— Gabriel Sousa Marques de Azevedo (@GSMA1986) April 14, 2023
O Projeto de Lei 538/23, crucial para evitar a passagem a R$6,90 e melhorar a qualidade do serviço, segue parado na Câmara desde 21/03! O Presidente da Câmara espalha mentiras teatrais e atrasa tramitação, por qual interesse? Quem ganha com o caos no transporte de BH?
— Fuad Noman (@fuadnoman) April 14, 2023
O embate público entre os dois vem se prologando há alguns meses. O presidente da Câmara chegou a conceder uma entrevista coletiva, no fim de março, acusando a prefeitura de não ter cumprido com os termos de um acordo para renovação do subsídio. Fuad admitiu, no início deste mês, que haverá reajuste no valor da passagem, mas negou que chegará a R$ 6,90.
"Eu não vou dar um aumento de 53% de jeito nenhum", afirmou o prefeito, que também criticou a postura adotada pelas empresas de ônibus. As concessionárias enviaram um ofício ao Executivo em 24 de março solicitando o reajuste a partir de 1º de abril. Além disso, ameaçaram reduzir o número de viagens caso não fosse oferecida uma proposta. "É um absurdo o que eles fizeram, dizendo que depois do dia 1º a passagem ia para R$ 6,90. Depois tentaram justificar. Quem aumenta a passagem é a prefeitura. Eles [empresários] têm uma série de pleitos. Podem entrar na Justiça, é direito deles", comentou, à época.
Fuad afirmou que fato de as passagens não serem reajustadas há mais de quatro anos dificulta o diálogo para manutenção do valor. “Nós não demos aumento em 2019, 2020, 2021 e 2022. Isso claramente gera uma situação insustentável para as empresas. Ninguém faz caridade, todo mundo trabalha com objetivo de ganhar dinheiro. Nós teremos que aumentar a passagem um pouco? Muito provavelmente. Por quê? Para diminuir o valor do subsídio”, acrescentou.
Em entrevista à rádio Super 91,7 FM, em 31 de março, Azevedo afirmou poderia, com aval do Ministério Público de Contas, anular o contrato que aumenta o valor da passagem até o fim de abril. “O que o Ministério Público de Contas falou e foi protocolou na Câmara é que, se o prefeito não anular em até 30 dias, o presidente da Câmara pode. E o presidente sou eu. Se falta coragem na prefeitura, sobra na Câmara”, disparou. “Aprovamos tudo que podíamos fazer na Câmara, mas a caneta está na mão do Fuad. Se tivesse coragem, estaria anulando o contrato, que é fraudulento, fruto de cartel, que deixa o cidadão na mão”, continuou o vereador.
"Chega um contrato para dar R$ 0,5 bilhão aos empresários de ônibus, e agora diz que a tarifa tem que aumentar. Prefeito, o senhor é sócio de empresários de ônibus? Tem um grande responsável por deixar a população de Belo Horizonte na mão: o senhor Fuad Noman. O prefeito de Belo Horizonte pode anular o momento que ele quiser o atual contrato do ônibus. Se eu fosse prefeito de Belo Horizonte, agora, este contrato estaria anulado”, concluiu Azevedo.