O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), admitiu, nesta segunda-feira (3), que é possível haver um reajuste do valor da passagem de ônibus em Belo Horizonte. As tarifas custam R$ 4,50 na capital mineira desde dezembro de 2018. O chefe do Executivo, no entanto, garante que o possível novo valor será inferior ao pedido pelas empresas, de R$ 6,90 — aumento de 53%.
"Eu não vou dar um aumento de 53% de jeito nenhum", afirmou o prefeito, que também criticou a postura adotada pelas empresas de ônibus. As concessionárias enviaram um ofício ao Executivo em 24 de março solicitando o reajuste a partir de 1º de abril. Além disso, ameaçaram reduzir o número de viagens caso não fosse oferecida uma proposta.
"É um absurdo o que eles fizeram, dizendo que depois do dia 1º a passagem ia para R$ 6,90. Depois tentaram justificar. Quem aumenta a passagem é a prefeitura. Eles [empresários] têm uma série de pleitos. Podem entrar na Justiça, é direito deles", comentou.
Fuad afirmou que fato das passagens não serem reajustadas há mais de quatro anos dificulta o diálogo para manutenção do valor. “Nós não demos aumento em 2019, 2020, 2021 e 2022. Isso claramente gera uma situação insustentável para as empresas. Ninguém faz caridade, todo mundo trabalha com objetivo de ganhar dinheiro. Nós teremos que aumentar a passagem um pouco? Muito provavelmente. Por quê? Para diminuir o valor do subsídio”, acrescentou.
Segundo Fuad, ainda não há estudos feitos para o eventual aumento das passagens, tampouco previsão de quando ele deve ocorrer. "Eu não vou fazer surpresa para ninguém", afirmou, dizendo que os belo-horizontinos saberão com antecedência quando o valor será reajustado.
O prefeito também falou sobre a possibilidade de oferecer um novo subsídio às empresas de ônibus. Isso porque março foi o último mês de pagamento do acordo firmado em meados do ano passado. Ao todo, as empresas do transporte convencional receberam R$ 226,6 milhões e as do transporte suplementar R$ 11 milhões. Em contrapartida, houve a manutenção do valor das passagens em R$ 4,50.
Duas propostas para um novo subsídio foram enviadas pela Prefeitura de Belo Horizonte à Câmara Municipal. A primeira pedia a prorrogação por mais um mês frente a recursos de R$ 40 milhões. O pedido foi barrado pela Comissão de Legislação e Justiça. Um segundo projeto pede que sejam destinados quase R$ 500 milhões para um novo subsídio, que teria validade de um ano. Presidente da Casa Legislativa, o vereador Gabriel Azevedo (PSD) já manifestou resistência a essa proposta.
"O valor do subsídio é um valor alto, a prefeitura pode não ter o recurso todo para isso. Vamos avaliar. Se for o caso, terá o aumento da passagem. Mas isso será conversado, estudado e explicado", completou.
Em posicionamento passado, a prefeitura já havia admitido a possibilidade de reajuste. "Não há reajuste no valor da passagem de ônibus desde 2018. A Prefeitura de Belo Horizonte está trabalhando para encontrar uma fórmula que permita manter o valor atual ou que haja um reajuste no menor percentual possível", disse em nota o Executivo.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) ainda não se posicionou sobre as declarações do prefeito de BH.