SOCORRO FEDERAL

Alckmin visita o RS e deve anunciar medidas para setores produtivos gaúchos afetados pelas chuvas

Entre as medidas esperadas está a mesma adotada na pandemia de Covid-19 que flexibilizou as regras trabalhistas em período de calamidade

Por Renato Alves
Publicado em 25 de maio de 2024 | 08:32 - Atualizado em 25 de maio de 2024 | 09:49
 
 
 

BRASÍLIA – O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, desembarca no Rio Grande do Sul na segunda-feira (27) em sua primeira viagem ao Estado desde o início das enchentes. Em Caxias do Sul, ele vai se reunir com representantes do setor da indústria gaúcha. 

Alckmin também deve anunciar medidas que possam amenizar os impactos econômicos e sociais. Ele tem encontro com empresários na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul. Também participam presidentes de sindicatos patronais, prefeitos, deputados e representantes de CICs da região. 

Além deles, estarão presentes líderes de cooperativas, como a Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho) e Cooperativa de Agricultores e Agroindústrias Familiares de Caxias do Sul (Caaf). 

Cerca de 90% das indústrias foram afetadas pelas chuvas

No dia 17, Alckmin se reuniu em Brasília com representantes da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Depois esteve com representantes da Casa Civil e de bancos públicos para discutir as medidas a serem adotadas para ajudar o setor produtivo gaúcho. 

Entre as medidas avaliadas, estão a retomada do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, no mesmo molde criado durante a pandemia de Covid-19 e que flexibilizou as regras trabalhistas em período de calamidade. A União também estuda medidas de crédito voltadas para a área industrial gaúcha.

“Nós vamos trabalhar junto aos ministérios da área produtiva, econômica, desenvolvimento, trabalho e bancos federais. Eu destacaria a primeira questão que a indústria gaúcha foi mais de 90% afetada [pelas chuvas], porque foram as regiões mais industrializadas — a região metropolitana de Porto Alegre e a serra gaúcha —, onde estão os maiores polos industriais. Então, todo empenho para a gente rapidamente recuperar a atividade da indústria e manter empregos na região”, disse o vice-presidente na ocasião.

O presidente em exercício da Fiergs, Arildo Bennech, participou da reunião com Alckmin e relatou que cerca de 90% das indústrias foram afetadas pelas chuvas. “Um dos pontos altos foi garantir o emprego. Então, o crédito me parece que é o mais urgente, além das medidas trabalhistas. O crédito me parece importante para que as empresas possam manter seus funcionários, que são mais de 500 mil pessoas com carteira assinada que têm suas casas cobertas d’água”, comentou.

Prefeitura de Gramado volta atrás e diz que está pronta para turistas

Na quinta-feira (23), um dia após o prefeito de Gramado (RS), Nestor Tissot (PP), afirmar que cerca de 300 hotéis e 250 restaurantes estavam inoperantes por causa dos temporais, o secretário de Turismo do município, Ricardo Bertolucci Reginato, disse que está tudo em ordem para receber visitantes. No entanto, os aeroportos de Porto Alegre e Caxias do Sul, que atendiam os turistas de outros Estados, permanecem fechados, assim como diversas estradas gaúchas.

“O prefeito usou mais uma figura de linguagem, uma força de expressão do que propriamente um dado estatístico. Evidente que houve situações de impacto [dentro] catástrofe climática [em Gramado], mas, ao mesmo tempo, toda a região turística não foi afetada, onde tem a igreja, o cinema, o Lago Negro, a avenida Borges de Medeiros, a mais importante da cidade. É uma região plena para funcionar”, afirmou Reginato à Agência Brasil.

“Tudo ou quase tudo que está fechado tem previsão para reabrir neste fim de semana ou no feriado de Corpus Christi [dia 30], na próxima semana”, completou o secretário de Turismo. Já o prefeito pintou um cenário catastrófico de Gramado  em reunião virtual na última quarta-feira (21)com outros prefeitos gaúchos e o governador Eduardo Leite (PSDB).

Tissot afirmou que, além de hotéis e restaurantes permanecerem fechados em Gramado, um dos principais destinos turísticos do País, há mais de 130 pontos da cidade sendo monitorados diariamente devido ao risco de deslizamento associado às chuvas em excesso. Também há mais de mil desabrigados, a maioria com perda total de suas residências, ainda segundo o prefeito.

Declaração de prefeito provocou onda de cancelamentos de reservas

A fala de Tissot levou a uma onda de pedidos de cancelamento de reservas por parte de turistas, o que poderia impactar na recuperação econômica. O turismo responde por 86% da economia de Gramado, empregando diretamente mais de 10 mil pessoas na cidade, que tem 40 mil habitantes. 

Os números citados por Tissot sequer batem com dados oficiais do município sobre a rede hoteleira da cidade. Gramado tem 216 meios de hospedagens registrados no Observatório Turístico da cidade. São 227 restaurantes e 85 lanchonetes. Em 2023, o município recebeu mais de 8 milhões de visitantes.

“O turismo é a vida da cidade de Gramado. Para não criar uma segunda crise social, a gente precisa voltar a receber visitantes. A gente quer fazer com que o turismo seja uma mola propulsora para que a gente, de alguma forma, possa contribuir com a recuperação que o Rio Grande do Sul precisará fazer”, ressaltou o secretário de Turismo.

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!