BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na manhã desta quinta-feira (13), que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), “tem o direito de provar que é inocente”.

Lula se pronunciou após a Polícia Federal (PF) indiciar seu auxiliar por suspeita dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, em inquérito que apura desvios de recursos de obras de pavimentação custeadas com dinheiro público da Codevasf, estatal controlada pelo Centrão.

“Eu acho que o fato do cara ser indiciado não significa que o cara cometeu um erro. Significa que alguém está acusando, e que a acusação foi aceita. Agora, eu preciso que as pessoas provem que são inocentes e ele tem o direito de provar que é inocente. Eu não conversei com ele ainda, eu vou conversar hoje [quinta-feira] e vou tomar uma decisão sobre esse assunto”, afirmou Lula em Genebra, na Suíça, onde desembarcou para participar do lançamento da Coalizão para Justiça Social da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Na Suíça, Lula segue na noite desta quinta-feira (13) para a região de Puglia, na Itália, para participar da reunião do G7, o grupo dos países mais desenvolvidos do mundo.

Juscelino cita ‘modus operandi’ da Lava Jato

Juscelino Filho negou qualquer envolvimento em desvios de verbas federais da Codevasf. Por meio de nota, o ministro afirmou que a investigação “repete o modus operandi” da operação Lava Jato, que, segundo ele, “causou danos irreparáveis a pessoas inocentes”.

Juscelino Filho também questiona a “isenção” do delegado responsável pelo inquérito. Reclama de ter sido ouvido na PF por apenas 15 minutos, e que o investigador “não fez questionamentos relevantes sobre o objeto da investigação” e “encerrou abruptamente” o procedimento “sem dar espaço para esclarecimentos ou aprofundamento”.

“É importante lembrar que o indiciamento não implica em culpa. A Justiça é a única instância competente para julgar, e confio plenamente na imparcialidade do Poder Judiciário. Minha inocência será comprovada ao final desse processo, e espero que o amplo direito de defesa e a presunção de inocência sejam respeitados”, ressaltou.

Juscelino Filho disse ainda que o indiciamento é “político”. “A investigação, que deveria ser um instrumento para descobrir a verdade, parece ter se desviado de seu propósito original. Em vez disso, concentrou-se em criar uma narrativa de culpabilidade perante a opinião pública, com vazamentos seletivos, sem considerar os fatos objetivos. O indiciamento é uma ação política e previsível, que parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito”.

União Brasil manifesta ‘total apoio’ 

O União Brasil manifestou “total apoio” a Juscelino. A legenda, por meio de nota de sua Executiva Nacional, criticou o que chamou de “prejulgamentos”.

“É importante esclarecer que essa investigação não tem relação direta com a atuação de Juscelino Filho como ministro das Comunicações. Curiosamente, ela teve início após sua nomeação para o primeiro escalão do governo federal, o que levanta suspeitas sobre uma possível atuação direcionada e parcial na apuração”, afirmou a legenda no comunicado oficial.

O partido alegou também a ocorrência de “vazamentos seletivos” e “descontextualizados” sobre Juscelino e disse que investigações semelhantes ocorridas no passado levaram a “condenações injustas”. “Indiciamento não deve significar culpa, e o princípio da presunção de inocência e o devido processo legal devem ser rigorosamente respeitados."