BRASÍLIA - A bancada do agronegócio no Congresso Nacional expressou preocupação com o adiamento do lançamento do Plano Safra 2024/2025 para a próxima semana, no dia 3 de julho. O anúncio, inicialmente previsto para quarta-feira (26) no Palácio do Planalto, foi postergado, gerando inquietação entre os deputados.

Parlamentares ouvidos pela reportagem de O TEMPO em Brasília, sob condição de anonimato, afirmaram que a medida gera "preocupação" e aumenta a "insegurança do setor no governo federal". 

Segundo eles, o adiamento compromete todas as medidas necessárias, como resoluções e portarias. Eles argumentam que, na prática, o Plano Safra atual tem validade até 30 de julho, mas com a decisão, os agricultores só terão acesso ao novo Plano Safra na segunda quinzena de julho ou ainda depois.

Os deputados afirmam também que os produtores rurais brasileiros já enfrentam desafios com as mudanças climáticas e preços baixos para seus produtos, e agora se sentem "desprezados" pelo governo.

O adiamento foi anunciado nesta terça-feira (25) pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, que justificou a mudança como necessária para a "preparação" do evento.

O plano inicial era lançar tanto o Plano Safra 2024/2025, ligado à pasta de Carlos Fávaro, quanto o Plano Safra da Agricultura Familiar, ligado ao MDA, em um evento no Planalto.

Nos bastidores, há relatos de que o governo não chegou a um consenso e que "estudos ainda precisam ser feitos" sobre o valor destinado ao Plano Safra para os grandes grupos do agronegócio. Já o montante para a agricultura familiar já estaria definido.

Outra razão apontada para o adiamento foi evitar o esvaziamento da cerimônia de lançamento. Na semana passada, Carlos Fávaro havia mencionado que o evento poderia ocorrer em Rondonópolis (MT), uma tentativa de criar uma agenda positiva para o presidente Lula, que ainda enfrenta forte rejeição de setores ligados ao agronegócio.

O presidente, em entrevistas no ano passado, chegou a questionar essa rejeição, destacando que sua gestão realizou o "maior Plano Safra da história". No ano passado, foram anunciados R$ 364,22 bilhões em crédito rural para a agricultura empresarial, destinados ao custeio e investimento.