BRASÍLIA - O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, sinalizou nesta terça-feira (25) que o governo federal fará mudanças na diretoria da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) como consequência da polêmica do leilão do arroz. O edital foi cancelado por suspeita de irregularidades envolvendo as empresas vencedoras.
Dessa forma, será exonerado do cargo o diretor de Operações e Abastecimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Thiago José dos Santos, responsável pelos leilões da empresa pública.
Paulo Texeira explicou que a demissão do diretor será aprovada pelo conselho de administração da Conab ainda nesta terça-feira. “Isso já está resolvido. O governo já resolveu isso. O próprio conselho hoje vai encaminhar", afirmou a jornalistas ao chegar no Palácio do Planalto.
Questionados sobre o que ele queria dizer, o ministro do Desenvolvimento Agrário respondeu que o governo vai “trocar” o diretor.
Paulo Teixeira está no Palácio do Planalto para reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A audiência com o petista, que conta ainda com Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Fernando Haddad (Fazenda), trata sobre o Plano Safra.
Qual é a polêmica envolvendo o leilão do arroz?
O cancelamento do leilão do arroz gerou desgaste na imagem do governo Lula e resultou na demissão do Secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura e Pecuária, Neri Geller. O próprio presidente Lula chegou a dizer que o edital foi cancelado porque “houve falcatrua numa empresa”.
O governo federal decidiu, em 11 de junho, pelo cancelamento do leilão de importação de 263,37 mil toneladas de arroz, realizado pela Conab, após questionamentos públicos sobre a capacidade, a qualificação e a conduta ilibada das empresas vencedoras do leilão.
As quatro companhias arrematadoras dos lotes são desconhecidas no setor de grãos e três delas não têm atuação comprovada com a operação de importação e distribuição de grãos.
Uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos estão entre as vencedoras da disputa pública promovida pelo governo. Das quatro empresas, só a Zafira Trading atua no ramo.
Por causa da polêmica, o governo federal exonerou Neri Geller por suspeita de favorecimento aos vencedores. Chateado, ele disse que nunca colou o cargo à disposição, questionando a versão dada pelo titular da pasta, Carlos Fávaro.
Pressão
O episódio também desgastou a relação de Fávaro com Paulo Teixeira. O ministro da Agricultura chegou a cobrar que a pasta do colega demitisse o diretor de operações da Conab. A pressão também aumentou quando veio a público que Thiago Santos é formado em teologia e não tem experiência com o setor agrícola e de grãos. Ele foi indicado para o cargo por Neri Geller.
Já o presidente da empresa pública, Edegar Pretto, continua no cargo sob forte pressão e rejeição da bancada do agronegócio no Congresso Nacional. Os ruralistas ameaçam avançar com a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do leilão do arroz, caso Pretto permaneça no comando da Conab.
Dança das cadeiras e indicação do PSD
Com a saída de Neri Geller do governo Lula, o partido PSD indicou um substituto para ocupar o antigo cargo dele. O ex-deputado federal e ex-presidente dos Correios, Guilherme Campos será o novo Secretário de Política Agrícola no Ministério da Agricultura e Pecuária. Atualmente, ele atua como superintendente da pasta comandada por Fávaro em São Paulo. A nomeação dele, no entanto, ainda não foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).