BRASÍLIA - O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, se mostrou cauteloso nesta segunda-feira (29) sobre o resultado das urnas que apontaram Nicolás Maduro como vencedor. Segundo ele, o governo brasileiro irá se posicionar sobre o resultado das urnas após ter acesso às atas das votações. 

Com 80% das urnas apuradas, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela declarou que Maduro teve 51,2% votos, enquanto o opositor Edmundo González recebeu 44,2% de votos. O resultado seria irreversível.  

O chanceler está na Venezuela para acompanhar o processo eleitoral. Em entrevista ao jornal O Globo, o principal conselheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais disse que não quer colocar em dúvida o processo eleitoral dos venezuelanos, mas que a falta de transparência incomoda.  

“O problema que incomoda mais é a transparência [...] O governo continua acompanhando até ter os dados necessários para fazer uma coisa com base, como em toda eleição. Tem que ser transparente, não estou pondo em dúvida necessariamente o que está sendo dito, mas o governo ficou de fornecer as atas das quais esse número resulta, mas isso ainda não aconteceu”, afirmou. 

Em entrevista ao blog da jornalista Andreia Sadi, do portal G1, ainda nesta manhã, Celso Amorim usou a palavra cautela para dizer que não é o momento para afirmar que as eleições na Venezuela foram uma fraude.  

“O fato principal que nos leva a ser cauteloso é que não deram o resultado público mesa por mesa, porque o governo deu até agora é um número, mas tem que mostrar como chegou nesse número: ata por ata”, explicou o conselheiro de Lula ao portal G1.  

“Não sou daqueles que reconhece tudo o que é dito, mas também não vou entrar numa de dizer que foi fraude. É uma situação complexa e queremos um regime democrático para a Venezuela de forma pacífica”, concluiu.  

Celso Amorim desembarcou em Caracas na última sexta-feira (26) para acompanhar as eleições como observador internacional. O Brasil desistiu de mandar observadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após Nicolás Maduro questionar o processo eleitoral brasileiro.  

Ele ainda tornou-se figura central nas eleições venezuelanas após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela barrar a participação de observadores da União Europeia e de autoridades latino-americanas no processo eleitoral.

Brasil afirma que acompanha atentamente o processo de apuração

Por meio de nota, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil informou que "acompanha com atenção o processo de apuração". E, na mesma linha que Celso Amorim, afirmou que aguarda o CNE divulgar os dados "desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito". Ainda no comunicado, o Itamaraty celebrou "o caráter pacífico da jornada eleitoral" na Venezuela no último domingo (28).