BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por não discursar na solenidade do Dia do Soldado, realizada nesta quinta-feira (22), no Quartel General do Exército, em Brasília. Ele repetiu o gesto feito anteriormente na solenidade do Dia do Exército, em abril deste ano. A presença do petista em compromissos militares é um aceno às Forças Armadas após o tensionamento das relações no início do mandato.
A estratégia de apaziguamento adotada pelo Palácio do Planalto atingiu o ápice em abril, quando o governo decidiu ignorar a data de 50 anos do golpe militar. Contudo, o presidente voltou a enfrentar tensões com os militares após a equipe econômica anunciar, há cerca de um mês, o congelamento de R$ 675 milhões do Orçamento do Ministério da Defesa.
As posições, contudo, não coibiram uma crítica do comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Na cerimônia, ele alfinetou o governo federal pelo congelamento de R$ 675,7 milhões do Orçamento das Forças Armadas. "Esse espírito perseverante é mantido incólume, mesmo sob os efeitos das restrições orçamentárias que atingem a todos", declarou o general durante o festejo.
A pasta da Defesa, chefiada por José Múcio, foi a sétima mais afetada pelos cortes e bloqueios do mês passado, que totalizaram R$ 15 bilhões e impactaram todos os ministérios. O objetivo da equipe econômica do governo federal, chefiada por Fernando Haddad, é atender ao arcabouço fiscal e alcançar a meta de déficit zero.
Moraes e Andrei participam de cerimônia
Antecipada em três dias, a cerimônia reuniu um grupo seleto de autoridades no QG, local dos acampamentos montados após as eleições de 2022 na capital federal. Na primeira fila, no centro, estava o presidente Lula; à sua direita, o ministro da Defesa, José Múcio; e à sua esquerda, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso.
Também na tribuna de honra estiveram os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, e o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues. Em meio a um mal-estar entre os Poderes devido ao imbróglio das emendas parlamentares, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não participaram da solenidade.
Alistamento para mulheres em 2025
Paiva também citou na cerimônia o início do alistamento de mulheres a partir de 2025. "Homens e mulheres, a cada ano, encaram o desafio de ingressar na Força Terrestre, quer seja como militares de carreira, quer seja como temporários, ou, ainda, prestando o serviço militar inicial, que, em breve, contará também com a presença feminina", lembrou.