BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que recebeu “com muita alegria” a mensagem de apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta segunda-feira (7). O brasileiro comparou a situação jurídica dos dois e escreveu para o líder americano, em uma mensagem no X: “Sua luta por paz, justiça e liberdade ecoa por todo o planeta. Obrigado por existir e nos dar exemplo de fé e resiliência”.
Bolsonaro declarou que conviveu por dois anos com Trump e que, nesse período, os dois “sempre” defenderam os interesses da população e liberdade. Em seguida, chamou a ação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, em que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF), de “aberração jurídica”.
"Este processo ao qual respondo é uma aberração jurídica (Lawfare), clara perseguição política, já percebida por todos de bom senso”, disse. “Agradeço ao ilustre Presidente e amigo. V. Exa. passou por algo semelhante. Foi implacavelmente perseguido, mas venceu para o bem dos Estados Unidos e dezenas de outros países verdadeiramente democráticos”, destacou.
- Recebi com muita alegria a nota do Presidente @realDonaldTrump . Convivi por dois anos com o Pres. Trump, onde sempre defendemos os interesses dos nossos povos e a liberdade de todos.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 7, 2025
- Este processo ao qual respondo é uma aberração jurídica (Lawfare), clara perseguição…
O que disse Trump
Na manhã desta segunda-feira, Trump usou seus perfis em redes sociais e declarou que Bolsonaro “não é culpado de nada” e sofre uma “caça às bruxas”. Ele acrescentou que o único julgamento pelo qual o ex-presidente deveria passar era pelos eleitores. “DEIXE BOLSONARO EM PAZ!”, escreveu, em caixa alta.
Para o líder dos EUA, o Brasil faz uma “coisa terrível” no tratamento a Bolsonaro. Trump disse estar assistindo, “assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de ir atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano!”.
“Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo POVO. Eu conheci Jair Bolsonaro, e ele foi um líder forte, que realmente amava seu país — também, um negociador muito duro em COMÉRCIO. Sua eleição foi muito apertada e agora, ele está liderando nas pesquisas. Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político — algo que eu sei muito sobre!”, declarou.
Trump se comparou à situação, disse que sofreu ataque semelhante, mas ampliado por 10, e agora os EUA são o “país ‘MAIS QUENTE’ do mundo!”.
“O Grande Povo do Brasil não vai tolerar o que eles estão fazendo com seu ex-presidente. Estarei assistindo à CAÇA ÀS BRUXAS de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil — chama-se eleição. DEIXE BOLSONARO EM PAZ!”, finalizou.
Eduardo Bolsonaro
A declaração de Trump foi feita em um momento de atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA desde março em busca de sanções para autoridades brasileiras que, de acordo com ele, "perseguem" sua família. Por conta disso, Eduardo virou alvo de um inquérito.
Após a publicação de Trump, Eduardo foi ao X e afirmou que não poderia passar detalhes, mas pediu que apoiadores de Bolsonaro compartilhassem a posição do presidente dos EUA. "O que posso dizer é que esta não será a única novidade vinda dos EUA neste próximo tempo. Aproveito para agradecer a todos que se empenham nesta batalha", disse.
O deputado licenciado também declarou que "atingir" o ministro do STF Alexandre de Moraes, que é relator no STF do processo da suposta trama de golpe de Estado, é "abalar" o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Governo brasileiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu à manifestação de Trump. Por meio de nota, o petista afirmou que “a defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros”. “Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”, completou.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também se posicionou e criticou a postura do presidente dos Estados Unidos. Na avaliação dela, "Trump está muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro”.
“O tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro, que batia continência para sua bandeira e não defendia os interesses nacionais. Hoje ele responde pelos crimes que cometeu contra a democracia e o processo eleitoral no Brasil”, disse, em referência à ação sobre a suposta trama golpista.
A chefe da articulação política do governo Lula frisou que “não se pode falar em perseguição quando um país soberano cumpre o devido processo legal no estado democrático de direito, que Bolsonaro e seus golpistas tentaram destruir”. “O presidente dos EUA deveria cuidar de seus próprios problemas, que não são poucos, e respeitar a soberania do Brasil e de nosso Judiciário”, completou.