BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a substituição gradual do dólar por moedas locais no comércio exterior e questionou o padrão que impôs a moeda americana nas relações entre países do mundo todo.

A adoção de moedas alternativas ao dólar foi uma das discussões da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro. Após o encerramento do evento, nesta segunda-feira (7), Lula se mostrou a favor de o grupo avançar com o processo.

“O mundo precisa achar um jeito de que a nossa relação comercial não precise passar pelo dólar. Quando for com os Estados Unidos, ela passa pelo dólar. Mas quando foi com a Argentina, com a China, com a Índia, não precisa passar. Quando for com a Europa, discute-se em euro. Ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão. Em que fórum foi determinado?”, contestou.

Lula defendeu que os bancos centrais de cada país coloquem o tema em debate e que a transição seja feita com “toda a responsabilidade”. “Mas é uma coisa que não tem volta. Isso vai acontecendo aos poucos, até que seja consolidado”, pontuou o presidente.

Na coletiva, Lula ainda afirmou que o Brics está “incomodando” outros países, mas ressaltou que essa não é a “intenção” do grupo.  A declaração de Lula se deu após ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no domingo (6), de sobretaxar em 10% os países que se alinharem ao Brics.

Ainda segundo o petista, o Brics é uma “metamorfose ambulante”, como uma “criança em crescimento tentando não repetir o erro dos outros”. Para ele, o bloco vem tentando encontrar “soluções para um mundo em desordem”.

Além do encerramento da cúpula do Brics, Lula teve encontros bilaterais com autoridades de Etiópia, Vietnã, Nigéria, Emirados Árabes Unidos e China nesta segunda-feira. Durante a tarde, almoça com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel.

Durante a semana, o petista vai prosseguir com a agenda internacional. Durante a terça-feira (8), receberá, no Palácio da Alvorada, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Já na quarta (9), no Planalto, terá uma agenda com o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto.