BRASÍLIA - Militares brasileiros estão de prontidão na fronteira com a Venezuela devido à crise política no país vizinho diante do impasse na eleição presidencial, realizada há uma semana e que não é reconhecida por diversas nações, incluindo os Estados Unidos. A oposição venezuelana denuncia fraude e o órgão responsável pelo pleito se recusa a divulgar as atas com os resultados.

Homens do Exército Brasileiro estão de prontidão para reforçar a fronteira com a Venezuela e proteger embaixadas em Caracas. A informação foi dada pelo  ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, à CNN Brasil. “Estão à disposição do Itamaraty”, disse ele no domingo (4). Múcio se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, na quinta-feira (1º).

Em entrevista à revista Veja, Múcio disse que as Forças Armadas têm um avião pronto para decolar rumo a Caracas caso seja necessário. Os militares podem atuar na proteção das embaixadas brasileira, argentina e peruana. O Brasil assumiu as representações diplomáticas dos outros dois países após Nicolás Maduro expulsar os corpos diplomáticos de ambos, por não reconhecerem sua vitória. 

“Ontem (quinta) fui conversar com o chanceler Mauro Vieira para dizer que nós já estávamos com pessoal pronto, disponível, avião e tudo para levar para guarnecer a nossa chancelaria, a nossa embaixada e a segurança pessoal da embaixadora. Depois surgiu o problema de que nós iríamos guarnecer a embaixada da Argentina. Ontem à noite surgiu a embaixada do Peru. Estamos prontos para embarcar o pessoal que for necessário, mas ainda não tive sinalização”, afirmou Múcio. 

Apoiadores de Maduro ameaçam invadir a embaixada da Argentina, onde estão asilados políticos, que participaram da campanha de opositores do regime e ganharam abrigo do governo de Javier Milei. Enquanto isso, desde o dia seguinte à votação, quando Maduro foi declarado reeleito pelo órgão eleitoral, controlado por ele, houve diversos episódios de violência em diferentes cidades venezuelanas, em meio a manifestações contra Maduro

Fronteira já está reforçada

A fronteira do Brasil com a Venezuela está reforçada desde o fim do ano, quando Maduro anunciou um plebiscito para a anexação de 2/3 do território da Guiana, de olho no petróleo nos campos marítimos da região de Essequibo, rica em reservas de petróleo e gás e que faz divisa com o território brasileiro. Forças venezuelanas só podem acessar Essequibo por terra passando pelo Brasil.

Com a ameaça de Maduro em invadir a Guiana para tomar Essequibo, O Exército Brasileiro acelerou um cronograma já acertado de elevação de status da guarnição militar de Boa Vista, a capital de Roraima. O esquadrão com 150 homens virou um regimento, com 400. Já um pelotão de fronteira, com 30 soldados, passou a esquadrão. 

Com a crise entre Venezuela e Guiana, o Exército reforçou o efetivo na região de fronteira com o aumento de 10% das tropas no Comando Militar do Norte e no Comando Militar da Amazônia, passando de 27 mil para 30 mil militares. Além disso, a Força enviou 28 blindados e mais de 100 viaturas para Roraima, além de equipamentos e armamentos.

Há também uma preocupação com o fluxo migratório. Integrantes do governo brasileiro sabem que, caso Maduro se mantenha no poder, mais venezuelanos devem deixar o país. Pacaraima, em Roraima, é a principal porta de entrada para eles no Brasil. De 300 a 500 venezuelanos têm entrada por lá diariamente.