BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou o 7 de Setembro com clima de pacificação entre os Três Poderes e aproveitou a ocasião para selar o apoio ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, diante do impasse com o bilionário Elon Musk, proprietário do X e da Starlink. 

Sem a primeira-dama Janja, que cumpre agenda no Catar, Lula dividiu a tribuna de honra do desfile em Brasília com Moraes; com o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e com o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso. 

O gesto é visto, ainda, como uma resposta à oposição e a Jair Bolsonaro (PL), que marcaram para a tarde do dia da Independência do Brasil um ato na avenida Paulista, em São Paulo, com o intuito de pressionar Pacheco a pôr em votação o impeachment de Alexandre de Moraes.

Após a cerimônia em Brasília, o ministro Barroso observou que a união de governo, STF e Congresso representa um 'bom momento para a nacionalidade”. "Foi muito bonito. A presença dos chefes dos Três Poderes demonstra que o país vive a mais plena normalidade constitucional", disse.

Presença maciça de autoridades e gritos de apoio a Moraes

O desfile do 7 de Setembro chamou a atenção pela presença maciça de autoridades dos Três Poderes. Quatro ministros do STF, além de Barroso e Moraes, foram à cerimônia: Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Edson Fachin e Gilmar Mendes. 

O alto escalão dos ministros de Estado também esteve presente. Titulares de 21 das 38 pastas acompanharam o presidente Lula no desfile — além do advogado-Geral da União, Jorge Messias, e o controlador-Geral da União, Vinícius Carvalho.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), também esteve com Lula. O líder do Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), e o líder na Câmara, José Guimarães (PT-CE), não foram à Esplanada. Outra ausência, aliás, foi a do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que participa de agendas de campanha com aliados em Alagoas.

Ao final da cerimônia, Lula desceu da tribuna e caminhou cumprimentando apoiadores que estavam na arquibancada. Entretanto, o presidente não foi o único a receber gritos de apoio. O ministro Alexandre de Moraes também foi aplaudido, e o público mais próximo às autoridades chegou a chamá-lo com gritos de "Xandão, Xandão" — ao que ele retribuiu com acenos.

Lula reúne ministras após demissão de Silvio Almeida 

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, engrossou a lista dos ausentes na cerimônia. O desfile marca o dia seguinte à demissão de Silvio Almeida do Ministério dos Direitos Humanos após denúncias de assédio sexual contra ele. Apontada entre as vítimas, a ministra pediu respeito à privacidade em nota nesta sexta-feira (6). Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas, também não participou.

As outras seis ministras do governo estiveram presentes em demonstração de união em torno de Lula diante do escândalo sexual. Entre elas estava Esther Dweck, da Gestão e Inovação, que assumirá interinamente o cargo desocupado com a demissão de Silvio Almeida. Participaram ainda Cida Gonçalves, das Mulheres; Margareth Menezes, da Cultura; Marina Silva, do Meio Ambiente; Simone Tebet, do Orçamento; e Nísia Trindade, da Saúde.

Medalhistas são homenageados e Zé Gotinha volta à cena

O desfile deste ano repetiu a fórmula do ano passado e trouxe de volta à cena o Zé Gotinha, ícone da vacinação infantil no Brasil. Este, aliás, foi um dos três eixos da cerimônia, que, além de tratar do crescimento das taxas de imunização no país, também homenageou as pessoas que trabalham na reconstrução do Rio Grande do Sul e trouxe referências à reunião do G20, que acontece em novembro, no Rio de Janeiro.

O evento festejou, ainda, os medalhistas olímpicos. Caio Bonfim, prata na marcha atlética em Paris, e Bia Souza, ouro no judô, desfilaram. A organização, inclusive, destacou que muitos dos atletas olímpicos pertencem ao programa de alto rendimento das Forças Armadas.