BRASÍLIA – O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), fez um vídeo, divulgado em suas redes sociais, para “esclarecer” sua fala, em evento público, em que defendeu o movimento “o Sul é o nosso país”, ao lado dos governadores Ratinho Junior (PSD), do Paraná, e Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul, os quais citou como “presidenciáveis”, com muitos elogios.

“Tem Sul, está conosco, vamos fazer um país do Sul aqui, daqui a pouco nós chegamos lá. Tem dois candidatos a presidente da República aqui, daqui a pouco, se o negócio não funcionar muito bem lá para cima, nós passamos uma trena para o lado de cá e fazemos ‘o Sul é o nosso país’”, afirmou Jorginho na última quinta-feira (12), durante o Construa Sul, realizado pela indústria da construção civil, em Curitiba (PR).

Diante da repercussão negativa, Mello divulgou um vídeo na terça-feira (17) em que diz ter sido mal interpretado. “Rapaz, fui brincar de colocar uma trena para tornar o Sul um país, e a polêmica se instalou”, diz. Ele afirma ainda que os catarinenses têm muito orgulho de serem brasileiros.

No vídeo, o político do PL ainda ressalta que Santa Catarina abriga brasileiros de todos os Estados, muitos deles em busca de melhores oportunidades. Mas, em diante, afirma que o problema é a “política da manutenção da pobreza”.

Mello critica a forma como os recursos arrecadados em Santa Catarina são redistribuídos pela União. “O nosso dinheiro vai para Brasília e volta em migalhas. Aqui, em Santa Catarina, volta 10% do que mandamos”, diz no vídeo. “Brasília drena nossos recursos,” continua. “Essa é a revolta do Sul”, conclui.

A declaração feita por Mello na semana passada remete ao movimento “O Sul é o Meu País”, que defende a independência dos estados do Sul do Brasil, sob argumento que esses três Estados têm características culturais e econômicas distintas e que contribuem mais para a arrecadação federal do que recebem em retorno.

Movimento alega diferenças culturais e tem sede e bandeira

Fundado oficialmente em 1992 no município de Laguna (SC), pelo historiador e político brasileiro Adílcio Cadorin, atualmente tem sede em São Sepé e comissões em diversos municípios da região Sul.

Desde 2016, o movimento faz uma consulta popular informal, sem valor legal, denominada Plebisul, para auferir se a população dos três Estados sulistas gostaria de separar-se do restante do país. 

Em geral, os símbolos do movimento mostram o mapa político da região Sul, com as siglas de cada Estado, nas cores branca e azul. O movimento adotou a bandeira totalmente azul com três estrelas de cinco pontas dispostas em triângulo no canto superior esquerdo como seu símbolo, que representam os três estados da região Sul. Em alguns dos cartazes e textos aparece a inscrição “Nação Sul-brasileira”.

O movimento publica ainda a Revista Sul Livre, de edição mensal mas de pouca tiragem, além de alguns livros que abordam o tema separatista. Também são usados para divulgação adesivos, cartazes e camisetas com o tema separatista, bem como a bandeira do movimento.

Segundo o estatuto do movimento, este é suprapartidário, não podendo haver influência ou dependência de qualquer partido político em específico. A ideia é um separatismo independente de correntes políticas, desde que haja comprometimento com os valores democráticos.