BRASÍLIA - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia 2025 com desafios importantes, com o foco na reorganização da administração. Entre os temas centrais estão a relação com o Congresso Nacional, a recuperação da confiança do mercado, reforma ministerial e a definição de um nome para a sucessão presidencial de 2026.

Articulação com o Congresso Nacional

Os dois primeiros anos do governo Lula 3 foram marcados por uma relação de instabilidade com a sua base no Congresso Nacional. O Palácio do Planalto passou por sufoco para aprovar projetos fundamentais em um Legislativo marcado pela autonomia financeira crescente.  

Propostas caras para o governo federal na área econômica, como o pacote de corte de gastos, sofreram modificações estruturais e foram aprovadas somente após a liberação de emendas. Essa tem sido a tônica e, em 2025, se soma à busca do Centrão por mais espaço na Esplanada dos Ministérios.

O grupo chega com ainda mais força, especialmente após o resultado das eleições municipais de 2024, que mostraram a predominância dos partidos de centro no comando das prefeituras do país. As mudanças nas presidências das Casas Legislativas mostram um cenário ainda mais incerto.

Embora as eleições só ocorram no dia 3 de fevereiro, o cenário político já é considerado praticamente definido. O presidente Lula e sua equipe precisarão negociar com o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) à frente da Câmara dos Deputados e com o veterano Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) no comando do Senado. 

Reforma ministerial e fortalecimento da base

Uma reforma ministerial está em discussão como parte da estratégia para melhorar a governabilidade, otimizar a entrega de resultados e aprimorar a percepção pública sobre o Palácio do Planalto. O objetivo é que as mudanças ocorram após as eleições para os comandos da Câmara e do Senado, previstas para fevereiro.

Entre os nomes que podem deixar o primeiro escalão estão José Mucio (Defesa) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), por motivos pessoais. Já a possível saída de outros ministros está relacionada tanto ao desempenho de suas pastas quanto à necessidade de recompor forças políticas.

Os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Márcio Macêdo (Secretaria Geral), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) estão entre os possíveis alvos da reforma. Além disso, ajustes nas funções de Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) também estão sendo considerados.

O presidente busca não apenas acomodar aliados políticos e reforçar o apoio no Congresso, mas também melhorar a comunicação do governo para ampliar a visibilidade das ações das diversas pastas. A avaliação é de que a população está distante do governo Lula 3, o que tem sido atribuído, principalmente, à ineficiência na comunicação.

Desconfiança do mercado

Lula ainda terá de lidar ao longo de 2025 com uma velha conhecida: a crescente desconfiança do mercado em relação à política econômica de seu governo. O ano de 2024 terminou com a cotação do dólar atingindo recordes, juros elevados e uma tentativa de conter a inflação. 

Além disso, o pacote de corte de gastos feito para acalmar a “Faria Lima” foi considerado insuficiente para atender às expectativas e estabilizar a economia. Em meio a isso, o presidente espera contar com um aliado para superar esse quadro: o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo

A confiança do mercado no novo comando do BC será testada ao longo do ano. A expectativa de um alinhamento mais estreito do novo presidente com as políticas do Executivo contrasta com a necessidade de preservar a independência da instituição. O principal desafio será a taxa de juros.

Busca por um sucessor em 2026

Com 79 anos e a aproximação das eleições de 2026, Lula busca consolidar um nome capaz de representar seu legado e, ao mesmo tempo, unificar as diversas correntes do PT. O nome mais mencionado até agora é o de Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, que, apesar de ser um dos favoritos, enfrenta resistência interna dentro da legenda. 

Diante desse cenário, a estratégia do presidente é a de concentrar esforços em destacar as entregas de seu governo ao longo de 2025. A expectativa é que, ao evidenciar os êxitos do governo Lula, o caminho para a eleição de 2026 se torne mais tranquilo para o nome que for apadrinhado.