BRASÍLIA – A primeira-dama, Janja da Silva, publicou em suas redes sociais, nesta quarta-feira (26), uma homenagem a Nísia Trindade, um dia após sua demissão do comando do Ministério da Saúde. Janja afirmou que Nísia é “gigante”, reconstruiu a pasta e sempre trabalhou “de cabeça erguida”.
“Trabalhou, dia a dia, de cabeça erguida, lutando o bom combate e mostrando ao povo brasileiro a importância da ciência. Com você, o Ministério da Saúde e os profissionais do SUS voltaram a ser respeitados e isso nos enche de orgulho. Obrigada pela sua dedicação, profissionalismo e responsabilidade na condução do seu trabalho. Você foi e é gigante!”, escreveu a primeira-dama.
Nísia Trindade foi demitida do cargo de ministra da Saúde pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na terça-feira (25). A jornalistas nesta quarta-feira, a ex-ministra revelou que Lula justificou sua saída devido à necessidade de um novo perfil na pasta.
"A conversa com o presidente tem o tom dele me comunicar sua avaliação desse segundo momento do governo, vamos dizer assim, e que ele achava importante uma mudança de perfil à frente do Ministério da Saúde e me agradeceu pelo trabalho realizado. Esse foi o tom", afirmou Nísia.
Ela ainda afirmou que a avaliação do presidente foi de que as dimensões técnico-políticas neste momento eram mais importantes: “O que eu disse pra ele, eu repito aqui: ele é o técnico de um time, faz parte da vivência de qualquer governo a substituição de ministros. Isso nada depõe em relação ao meu trabalho. Eu sou muito consciente disso”.
Ainda na noite de terça-feira, o Palácio do Planalto confirmou Alexandre Padilha, atual ministro da Secretaria de Relações Institucionais, como o sucessor na pasta. Ele assumirá o cargo em 6 de março. Hoje ele comanda a articulação do governo federal com Senado e Câmara dos Deputados.
Entre os nomes cotados para substituir Padilha estão: o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PB), e o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL). Pelo PT, os nomes apresentados incluem Jaques Wagner (BA), líder do governo no Senado, e José Guimarães (CE), líder do governo na Câmara dos Deputados.
Desde o início do governo, Nísia Trindade enfrentou críticas de congressistas, integrantes do governo e do próprio presidente Lula. Ele apontava a ausência de uma marca forte em sua gestão, como o Mais Médicos e o Farmácia Popular em governos anteriores do PT, e avaliava que faltava firmeza na condução de crises na área da Saúde.
A ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) não conseguiu, por exemplo, impulsionar o programa "Mais Acesso a Especialistas", lançado em abril de 2024, com o objetivo de reduzir a fila do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, a pasta enfrenta desafios como o combate a fake news.
Com a popularidade do presidente em baixa, também pesou a pressão do Centrão por mais ministérios. O da Saúde era um dos mais almejados por causa da visibilidade e do Orçamento – R$ 239,7 bilhões só neste ano. Na disputa, Lula optou por manter o PT à frente da pasta por seu fator “social”, especialmente com a proximidade das eleições.
Ao ser questionada sobre o processo de "fritação" nos últimos meses, Nísia criticou a divulgação de informações falsas sobre sua saída, como a alegação de que teria feito uma reunião de despedida na pasta.
“Estou me referindo ao que vocês chamaram de fritura na imprensa. Isso é inconcebível e não deveria acontecer. O correto seria apurar os fatos, sem antecipar decisões que cabem exclusivamente ao presidente”, afirmou. Ao final, ela foi aplaudida por servidores do Ministério da Saúde.
Médico infectologista, Padilha foi titular do Ministério da Saúde entre janeiro de 2011 a fevereiro de 2014, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Na época, ele deixou o cargo para concorrer ao governo de São Paulo nas eleições de 2014. Ele ficou em terceiro lugar na disputa, que teve o hoje vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) como vitorioso.