BRASÍLIA — O Ministério da Cultura (MinC) negou, nesta segunda-feira (3), que o governo Lula (PT) será responsável pelo destino da estatueta do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro concedida em caráter inédito, nesse domingo (2), a uma produção brasileira.

Questionada, a Agência Nacional do Cinema (Ancine), agência reguladora do setor no país, não se manifestou. No início da noite, a produção de “Ainda Estou Aqui” informou que a honraria permanecerá com o diretor Walter Salles, segundo noticiou O Estado de S. Paulo.

O paradeiro futuro da estatueta de “Ainda Estou Aqui” começou a ser discutido ainda pela manhã porque há tradição do país ganhador na categoria de Melhor Filme Estrangeiro guardar consigo o prêmio, como prevê a Academia. Mas, o MinC negou a responsabilidade pela estatueta.

Incentivo ao cinema

A Prefeitura do Rio de Janeiro comprará o imóvel, na Urca, onde o diretor Walter Salles filmou “Ainda Estou Aqui”. A locação será transformada na Casa do Cinema Brasileiro, um museu sobre democracia e cinema brasileiro. 

Ao anunciar a compra nesta segunda-feira à tarde, o prefeito Eduardo Paes (PSD) levantou a hipótese da Casa abrigar a estatueta. “Pra não deixar dúvidas: a Casa do Cinema Brasileiro vai estar pronta para receber a nossa primeira estatueta. Quem sabe ela não vem morar aqui?”, publicou no X.

Projeto na Câmara dos Deputados

O deputado Carlos Veras (PT-PE) protocolou na sexta-feira (28) um projeto que propõe a criação da Lei “Ainda Estou Aqui”. O nome da proposição se refere à produção brasileira que concorre, neste domingo (2), nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Filme Estrangeiro do Oscar — podendo coroar a atuação de Fernanda Torres e as histórias de Eunice Paiva e Rubens Paiva.

O projeto apresentado por Carlos Veras prevê medidas de valorização e preservação dos cinemas de rua. A proposta cria o Cadastro Nacional de Cinemas Tradicionais para ampliar o acesso ao cinema nacional e garantir que esses espaços não sejam preteridos na distribuição de filmes com grandes lançamentos — que, hoje, acabam restritos às grandes redes.

O Projeto de Lei (PL) também quer que os cinemas de rua sejam identificados para implementação de políticas públicas para manutenção e sustentabilidade dessas salas.

Protocolada, a proposta depende de um despacho do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para seguir às comissões. Depois de tramitar pelos colegiados — ainda não instalados, ele seguirá para análise do plenário. A criação da lei também depende de tramitação do texto no Senado Federal.