BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “abominável” o episódio em que a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) teve o gênero alterado para masculino em visto emitido pelo governo dos Estados Unidos, no dia 16 de abril.

Em reunião com a deputada nesta quinta-feira (24) para a sanção de leis de proteção à mulher, no Palácio do Planalto, Lula sugeriu que elas façam um ofício na Câmara dos Deputados repudiando o caso e o envie ao parlamento americano. Para o presidente, as deputadas têm que ser mais “inquietas”.

“Quem tem o direito de discutir o que essa mulher é, é o Brasil e a ciência. Não é o decreto do Trump. Que vocês aprendam a ficar inquietas também. Tem que ter um protesto da Câmara brasileira para a Câmara americana, uma carta para o Senado americano”, disse.

Lula também vai cobrar do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, uma ação mais enfática. “Falei com o ministro que tem que ter uma nota mostrando a inconformidade do Brasil com a ingerência de uma embaixada no passaporte de uma brasileira. Você não foi pedir mudança de sexo, foi pedir um passaporte pra fazer uma viagem aos EUA”, completou.

Nesta quarta-feira (23), Erika Hilton foi ao Itamaraty se reunir com Mauro Vieira para tratar do caso. A jornalistas, a deputada relata que tinha saído “desmotivada” da conversa. Segundo ela, o chanceler demonstrou indignação com o episódio, mas não indicou que tomaria medidas mais concretas.

A parlamentar relata que, após o encontro com Lula nesta quinta-feira, espera pelo menos uma nota em nome do Estado brasileiro, e se disse satisfeita com a postura do presidente.

Além disso, ficou definido que a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que também estava na agenda com Lula, deve iniciar o movimento para que a Secretaria da Mulher da Câmara faça uma manifestação em nome da Casa.