BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou nesta terça-feira (15/7) ter cometido crime de tentativa de golpe de Estado e ter intenção de deixar o país. Ele alega que não estava em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Na verdade, a PGR aponta que Bolsonaro articulou atos que levaram aos atos de vandalismo cometidos no dia 8 de janeiro.
"Eu vou ser preso por quê? Por ter destruído o relógio em Brasília? Eu estava nos EUA. Isso é um crime impossível. Não vou pedir um asilo se não cometi crime algum. É como o presidente Trump tem dito: 'Caça as bruxas'. Vou enfrentar o processo. Vamos ver até onde eles vão", declarou, em entrevista à CNN.
"Não cogito pedir asilo em lugar nenhum. Não sou criminoso. Criminoso é quem está me perseguindo", destacou o ex-presidente.
“O que eu fiz? Qual foi o crime que eu cometi? Alexandre de Moraes cometeu um crime durante o período eleitoral. Ele não me permitiu que eu fizesse uma live dentro da minha casa, que mostrasse imagens do 7 de setembro”, disse.
Na segunda-feira (14/7), a Procuradoria-Geral da República entregou as alegações finais da acusação, em que reafirmou o pedido de condenação do ex-presidente e de outros sete réus por organizar uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro criticou também a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens em seu governo e delator no inquérito.
O ex-presidente voltou a dizer que será o candidato da direita nas eleições presidenciais de 2026, apesar de estar inelegível até 2030 por condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro.
"Não penso em segundo nome ainda. Por enquanto, eu sou a alternativa. Não cometi nenhum crime, não tentei dar um golpe de Estado. Não abusei de poder político, econômico, por ocasião das eleições minhas lá atrás, não sou criminoso, sou inocente. Dei o melhor de mim por quatro anos à frente da Presidência da República", disse.
Panos quentes
Mais cedo, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista ao site Poder 360, que conversou com o filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, e com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e garantiu que a relação entre os dois está pacificada.
“Hoje eu conversei com Eduardo e Tarcísio e foi colocada uma pedra em cima desse assunto. Não podemos dividir, Tarcísio é um grande gestor, nada de críticas a ele. É obrigação do Tarcísio defender o seu estado. Ele se reuniu com o encarregado do governo americano, e está buscando uma alternativa. Lula deixou isto a cargo do Itamaraty, e o Itamaraty é uma piada”, disse.
O atrito entre o filho 03 e Tarcísio ocorreu após Donald Trump anunciar, na última semana, tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, entre outras coisas, em resposta ao processo contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Para tentar mitigar os impactos do “tarifaço”, o governador se reuniu com representantes da embaixada dos Estados Unidos em Brasília e com diplomatas em São Paulo, defendendo diálogo e cooperação para proteger a economia do estado.
'Apaixonado por Trump'
O ex-presidente também comentou sua relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Bolsonaro disse que é “apaixonado” pelo republicano e pela política norte-americana.
“Trump é imprevisível. Eu gosto dele. Eu sou apaixonado por ele. Eu sou apaixonado pelo povo americano, pela política americana. Nunca escondi isso. Trump sempre me tratou como um irmão”, disse. Nesta terça-feira, o republicano disse que não é “amigo” de Bolsonaro, mas acredita que o ex-presidente brasileiro está sofrendo um “caça às bruxas”.