BRASÍLIA - O deputado André Janones (Avante-MG) disse ter registrado queixa-crime na Polícia Civil do Distrito Federal na última sexta-feira (11/7) contra dois deputados do Partido Liberal (PL) por agressões físicas no plenário da Câmara dos Deputados.
“Fui cercado por vinte deputados do PL. Começaram a me empurrar de corpo. Levei socos no estômago e nas costas, chutes muito fortes nas minhas pernas, pela frente e por trás. Está tudo gravado”, afirmou nesta terça-feira (15/7) durante sessão do Conselho de Ética, que avalia puni-lo com a suspensão do mandato pelo período de três meses por um episódio ocorrido no momento das agressões que ele alega ter sofrido.
“Estão gravadas essas agressões físicas. Não é para acreditar na minha palavra. Existem vídeos. Eles começaram a me apalpar e pegar no meu pênis”, acrescentou. O deputado também afirmou que passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e disse ainda ter apresentado denúncia ao Ministério Público Federal (MPF), à corregedoria da Câmara dos Deputados e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Janones também criticou o Conselho de Ética e declarou que não teve respeito o direito à defesa do próprio mandato. "Eu só sabia, até esse momento, do processo que eu estava movendo. Fui informado há duas horas dessa audiência aqui", declarou. “Não fui intimado pessoalmente ou por qualquer outro meio. É uma violação gravíssima”, completou.
O presidente do Conselho, Fábio Schiochet (União Brasil-SC), contestou a informação e disse que o colegiado enviou 11 e-mails para o gabinete do deputado desde sexta-feira.
O que aconteceu entre Nikolas e Janones?
O deputado André Janones é alvo de representação parlamentar por uma confusão no último dia 9 com a bancada do PL. O pedido de punição coube à direção da Câmara dos Deputados. A avaliação é que a atitude do parlamentar não foi compatível com o decoro "ao provocar abertamente a bancada do Partido Liberal e proferir manifestações gravemente ofensivas ao deputado Nikolas Ferreira, que ocupava a tribuna", explicitou a Mesa.
"As falas do representado excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares", argumenta a direção da Câmara. A representação é baseada em uma denúncia do PL contra Janones.
Parte da confusão foi transmitida pela TV Câmara na sessão de 9 de julho. Nas imagens oficiais, Nikolas subiu à tribuna do plenário para comentar sobre o tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil. Alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi defendido por Trump, Nikolas rebateu críticas de que a oposição não defende a soberania nacional.
Janones, nesse momento, estava no meio de outros parlamentares, em local abaixo da tribuna. O deputado mineiro começou a filmar com seu celular e a criticar quem defendia a taxa de Trump. A transmissão não capturou nenhuma fala, mas um vídeo que circula nas redes sociais é possível identificar Janones se referindo a Nikolas como “cadelinha”.
Ele chegou a ser cercado por deputados da oposição que passaram a citar “rachadinha”, em referência a denúncias de ilegalidades em seu gabinete. Em seguida foi retirado do plenário, sem que recebesse apoio de outros nomes da esquerda. No comando da sessão, Motta chegou a interferir, enquanto aliados de Nikolas foram escoltá-lo na tribuna da Câmara.
“Para todo o Congresso Nacional, eu acho que tem algo que une a esquerda e a direita: ninguém gosta do Janones, acho que é unânime. Isso aqui, reduz o parlamento e faz o com que aquilo que nos acusam – de estar querendo ‘like’, de tentar gravar vídeo para gerar polêmica – ele o faz desta forma. É impossível falar assim. Peço à esquerda, que sempre fala em democracia, tome conta dessa pessoa”, disse Nikolas na ocasião.
Janones alegou que foi “agredido fisicamente pela tropa de choque bolsonarista”. “Sozinho, fui cercado por 12 deputados que tentaram me intimidar para que eu não criticasse o deputado Nikolas Ferreira enquanto ele discursava na tribuna”, disse.
O deputado ainda acionou a Corregedoria da Câmara pedindo a suspensão dos mandatos dos deputados Giovani Cherini (PL-RS) e Sargento Gonçalves (PL-RN) pela suposta agressão. Janones também informou que protocolou queixa-crime contra parlamentares por lesão corporal e que realizou exame de corpo de delito.