BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne nesta terça-feira (17) com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, às margens da Cúpula do G7, em Kananaskis, no Canadá. O encontro está marcado para às 15h30 no horário local (18h30 de Brasília), após a sessão ampliada do G7.
Também nesta terça, Lula deve ter reuniões bilaterais com o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, e com o primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz.
Este será o segundo encontro entre Lula e Zelensky. Em setembro de 2023, eles se encontraram em Nova York, após participarem da Assembleia-Geral da ONU. Em outra ocasião, conversaram por telefone.
A agenda desperta atenção devido à relação conturbada que os dois líderes vêm mantendo desde que o petista se elegeu novamente ao Palácio do Planalto, em 2022. Ainda antes das eleições daquele ano, Lula disse considerar a Ucrânia tão culpada quanto a Rússia pela invasão das tropas de Vladimir Putin ao território ucraniano, gerando críticas em parte da comunidade internacional.
Em 2023, em entrevista a uma agência de notícias espanhola, Zelensky indicou estar decepcionado com as posições de Lula sobre o conflito: “"Para ser honesto, pensei que ele tivesse uma compreensão maior do mundo", disse, na época.
Já em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o líder ucraniano questionou a postura do governo brasileiro nas negociações por um possível cessar-fogo.
O Brasil e a China tentaram, sem sucesso, a criação de um grupo de países “independentes” para conduzir as negociações de paz, ao passo em que Zelensky disse duvidar dos interesses dos dois países na empreitada. Para o ucraniano, esse tipo de proposta “ignora os interesses e o sofrimento" de seu povo.
Em outra ocasião, Zelensky diminuiu o papel de Lula na busca por uma solução ao conflito com a Rússia, dizendo que o líder brasileiro tinha deixado de ser um “player” relevante nas tratativas de cessar-fogo.
Por outro lado, Lula ressaltou que Zelensky estava cumprindo seu papel ao defender a proteção do território ucraniano, mas também rebateu: “Se ele fosse esperto, diria que a solução é diplomática, não militar. Isso depende da capacidade de sentar e conversar”.
Relação Lula-Putin
Ao mesmo tempo, Lula sempre manteve uma boa relação com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Em abril deste ano, o petista fez uma visita de Estado a Moscou e foi recebido pelo líder russo, além de intensificar alianças com o Brics, grupo do qual Brasil e Rússia estão entre os fundadores.
A visita foi criticada por integrantes do governo ucraniano, que interpretou a agenda como um apoio mais do que velado do Brasil à Rússia. Além disso, a diplomacia de Zelensky tentou viabilizar uma ida de Lula a Kiev, mas o presidente brasileiro não aceitou o convite. Algumas tentativas de contato vindas de Lula também já foram recusadas pelo líder ucraniano.
Havia uma expectativa inicial de que o conflito entre Rússia e Ucrânia fosse uma das pautas centrais da cúpula do G7. No entanto, deve perder espaço para a situação envolvendo Israel e Irã. A preocupação manifestada por líderes do G7 é que o governo iraniano desenvolva armas nucleares.