BRASÍLIA - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido da defesa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, para que o Google informe os dados da pessoa que inseriu, em domínio público, uma suposta minuta de golpe de Estado.

O conteúdo do documento seria o mesmo do encontrado pela Polícia Federal (PF) na residência de Anderson Torres, em Brasília, durante busca e apreensão em janeiro de 2023. O objetivo da diligência é verificar se é a mesma minuta que teria sido discutida em reuniões comandadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro após a derrota nas eleições de 2022.

“Constata-se que as diligências complementares decorrem de instrução processual, considerando que as minutas de Golpe de Estado descritas na acusação foram objeto de indagação de testemunhas e dos réus, o que demonstram a pertinência do requerimento”, diz Moraes na decisão.

Segundo a defesa, é necessário fazer uma perícia no documento para “demonstrar que o conteúdo da minuta do ‘Google’ encontrada na casa de Anderson Torres não tem qualquer semelhança com os demais documentos supostamente antidemocráticos mencionados durante a instrução”.

Anderson Torres é réu no inquérito que investiga se houve uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Segundo a PF, ele faz parte do “núcleo crucial” do suposto plano, assim como Bolsonaro e outros seis aliados.

Acareação na próxima semana

No mesmo despacho, Moraes acolheu um pedido da defesa de Anderson Torres e autorizou uma acareação entre o ex-ministro da Justiça e o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército. Ambos também ficarão frente a frente na próxima terça, na sede do STF, em Brasília.

Os oito integrantes desse núcleo já prestaram depoimentos a Alexandre de Moraes, relator da ação na Primeira Turma do Supremo, que é formada por cinco ministros. Além de Moraes, fazem parte do colegiado Cristiano Zanin (presidente), Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia.

A decisão sobre as acareações foi tomada nesta terça, primeiro dia após o término do prazo para as defesas dos réus do processo sobre a trama golpista apresentarem seus pedidos de novas diligências. Essa é a penúltima etapa antes do julgamento.