BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda não se falaram desde que o Congresso Nacional derrubou, na última quarta-feira (25), o decreto do governo que reajusta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Foi o que indicou, nesta terça-feira (1), o ministro. Entre afagos a Motta, Haddad relatou a jornalistas que telefonou para o parlamentar na semana passada, mas ainda não obteve retorno.
“Eu estou aguardando o retorno de uma ligação que fiz para ele na semana passada. Ele tem que ficar à vontade também. O presidente Hugo Motta frequentou o Ministério da Fazenda como poucos parlamentares. É uma pessoa que é considerada amiga do Ministério da Fazenda, todos aqui, não só de mim. E sabe que tem livre trânsito comigo. Não tem nenhuma dificuldade, da minha parte nenhuma", apontou.
Nesta semana, Hugo Motta está em Lisboa, onde participa do fórum jurídico anual conhecido como "Gilmarpalooza", organizado pelo IDP, instituto presidido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar da boa relação entre Haddad e Motta desde antes de o deputado ser eleito à presidência da Câmara, o diálogo entre os dois vive um momento de estremecimento. Motta já rebateu críticas da base governista de que teria “traído” o governo com a derrubada do IOF.
"Quem alimenta o nós contra eles, acaba governando contra todos. A Câmara dos Deputados, com 383 votos de deputados de esquerda e de direita, decidiu derrubar um aumento de imposto sobre o IOF, um imposto que afeta toda a cadeia econômica. A polarização política no Brasil tem cansado muita gente e agora querem criar a polarização social”,, disse.
Os decretos de aumento da alíquota do IOF foram publicados pelo governo em maio como forma de aumentar a arrecadação e cumprir a meta fiscal. As medidas, porém, não foram bem aceitas pelo Congresso Nacional. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um pacote alternativo para evitar a derrubada, mas sem sucesso.
Na última quarta-feira (25), a revogação dos decretos foi aprovada tanto pela Câmara dos Deputados, quanto pelo Senado. Com a decisão promulgada na quinta-feira (26), todas as alíquotas mais altas do IOF caíram, e o imposto voltou a ter taxas menores. O governo Lula vai recorrer da decisão ao STF por meio da Advocacia-Geral da União, comandada pelo ministro Jorge Messias.