BRASÍLIA - O governo brasileiro deve analisar uma proposta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de pedir ao governo dos Estados Unidos o adiamento da cobrança da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, prevista para começar no dia 1º de agosto.
A sugestão foi entregue ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, que comandou nesta terça-feira (15) uma reunião com representantes do setor industrial e outros ministros do governo Lula.
“Queremos resolver o problema o mais rápido possível. Se houver necessidade de mais prazo, vamos trabalhar nesse sentido”, disse Alckmin após o encontro.
Segundo o vice-presidente, os empresários se comprometeram a conversar com representantes da indústria americana, como importadores, exportadores, CEOs de empresas, a Câmara de Comércio Brasil-EUA.
Alckmin também enfatizou que o cenário abre oportunidades para ampliar acordos comerciais com outros países e blocos econômicos. “É totalmente incompreensível a decisão da tarifa, e daí a união entre todos nós para revertê-la”, complementou.
Após a reunião, o presidente da CNI, Ricardo Alban, disse acreditar que a situação vai ser resolvida e que o governo federal “está totalmente solícito” a atender à sugestão de ampliar o prazo de cobrança das tarifas. “Mas se pudermos resolver isso antes de 31 de julho, é melhor para todo mundo. Viver na imprevisibilidade não ajuda em nada”, ressaltou.
“O que nós entendemos também é que o Brasil não pretende ser reativo intempestivamente. O Brasil não se precipitará de forma nenhuma em medidas de retaliações. O que queremos é um entendimento, e felizmente temos visto isso na postura do governo”, afirmou Alban.
A proposta da CNI também foi endossada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Alencar, que defendeu a apresentação de dados na negociação com interlocutores americanos.
Na tarde desta terça-feira, Alckmin vai receber representantes do agronegócio para debater as tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A expectativa é que na quarta-feira (16), as reuniões prossigam.
Durante a manhã, o governo publicou um decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Brasil adotar taxas maiores de importação caso haja imposições comerciais que prejudiquem a soberania do país.