A primeira pesquisa Genial/Quaest realizada após a crise do tarifaço imposto por Donald Trump revela uma oscilação positiva na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e uma rejeição da maioria brasileira às sobretaxas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos.
A Genial/Quaest entrevistou 2.004 pessoas com mais de 16 anos em 120 municípios, entre quinta-feira (10) e segunda-feira (14). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. O levantamento foi financiado pela Genial Investimentos, corretora de investimentos digital controlada pelo banco Genial.
Veja abaixo os principais pontos do levantamento:
Avaliação de Lula tem leve oscilação favorável
Lula marca 40% de avaliação negativa, ante 28% de avaliação positiva, uma oscilação favorável em comparação com a rodada anterior. Há ainda outros 28% que avaliam o governo como regular, e 4% dizem não saber responder.
Na rodada anterior da pesquisa, realizada de 29 de maio a 1º de junho, após o escândalo do INSS, Lula havia atingido o pior patamar de seu mandato, com avaliação negativa de 43% e positiva de 26%. Outros 28% consideravam a gestão regular.
A diferença entre os índices negativo e positivo entre as duas pesquisas passou de 17 pontos (43 x 26), em maio, para os atuais 12 pontos percentuais (40% x 28%). A margem de erro dos levantamentos é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Avaliação atual da economia
O resultado na avaliação de Lula acompanha a oscilação na opinião sobre a economia do país, de acordo com a pesquisa. Para 21%, a economia melhorou nos últimos 12 meses, índice que era de 18% na rodada anterior. Já para 46%, a economia piorou (eram 48% em maio e 56% em março).
Expectativa sobre o futuro da economia
Questionados sobre a expectativa em relação à economia para os próximos 12 meses, 43% afirmam que irá piorar (eram 30% em maio), atingindo o pior patamar da série histórica, iniciada em junho de 2023. Já os que dizem que a economia irá melhorar agora somam apenas 35%, também o pior patamar da série (eram 45% em maio).
Iniciativas do governo no Congresso
O levantamento mostra ainda que mais da metade (56%) dos entrevistados diz não ter ficado sabendo da agenda de justiça tributária do governo federal.
Da mesma forma, os embates recentes entre o Planalto e o Congresso também passaram despercebidos para metade do público. Para 79% dos entrevistados, o conflito entre governo federal e Congresso mais atrapalha do que ajuda o país, e 12% dizem o contrário.
Ricos x pobres
Para 63% dos entrevistados, Lula deve, sim, aumentar os impostos dos mais ricos para diminuir os dos mais pobres. Para 33%, o presidente não deveria adotar esse caminho.
Em outra pergunta sobre o tema, 53% consideram que o discurso “ricos contra pobres” não é correto por ampliar a chance de conflitos e a polarização no país. Já 38% acham que esse tipo de discurso político está correto. Lula e o PT apostam nessa linha.
Tarifaço de Trump para ajudar Bolsonaro
De acordo com o levantamento, 72% afirmam ser um erro de Trump impor tarifas ao Brasil por causa de Bolsonaro. Apenas 19% dizem acreditar que o presidente americano está certo ao impor taxas com a justificativa de que há uma perseguição a Bolsonaro no Brasil.
A notícia da carta de Trump a Lula, em que o presidente americano anuncia as tarifas ao Brasil, foi de conhecimento de 66% dos entrevistados, enquanto 33% responderam não saber do acontecido. No texto, Trump menciona e pede o fim do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) pela trama golpista.
Reação de Lula às sobretaxas anunciadas pelos EUA
Segundo a pesquisa, 53% dizem que o presidente Lula está certo ao reagir com reciprocidade, enquanto 39% respondem que o presidente está errado ao reagir com reciprocidade ao tarifaço. Oito por cento não souberam responder.
Lado certo na disputa política e comercial
Ao serem questionados sobre qual lado age de forma mais correta nesse embate político e comercial, 44% escolhem Lula e o PT, 29% escolhem Bolsonaro e seus aliados, 15% respondem que nenhum dos dois, e 12% não sabem.
Motivos de Trump
As opiniões também se dividem em relação ao motivo de Trump para impor tarifas ao Brasil: 26% dizem que foram as falas de Lula contra o americano durante o encontro dos Brics e 25% não souberam ou não responderam.
Já outros 22% mencionam as ações do STF contra Bolsonaro; 17% atribuem à influência do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA; e 10% citam as ações do Supremo contra big techs americanas.
Ainda segundo a pesquisa, 57% afirmam que Trump não tem o direito de criticar o processo em que Bolsonaro é réu no Supremo, enquanto 36% dizem que ele tem esse direito.
A maioria (79%) acredita que as altas tarifas aos produtos brasileiros prejudicarão sua vida, e 59% afirmam que Trump manterá sua decisão.
O que petistas e bolsonaristas pensam sobre o tarifaço
Mesmo entre eleitores à direita, é maior a reprovação do que a aprovação ao tarifaço imposto ao Brasil por Donald Trump. O presidente norte-americano mencionou o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) pela trama golpista ao anunciar a medida.
Entre aqueles que se identificam como não-bolsonaristas, mas se posicionam no campo político da direita, 52% veem erro de Trump e 40% o apoiam. A margem de erro é de cinco pontos para mais ou para menos nesse grupo.
Entre quem se declara bolsonarista, 48% afirmam que Trump está errado e 42% dizem que o presidente americano está certo. Nesse caso, a margem de erro é de seis pontos.
No grupo de lulistas ou petistas, em que a margem de erro é de cinco pontos, 87% afirmam que Trump está errado, enquanto 9% afirmam que ele está certo.
Entre os eleitores à esquerda, 94% são contra a decisão do presidente americano e 2% são a favor. A margem de erro é de seis pontos.