BRASÍLIA - O vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (24/7) que conversou com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.

Segundo o vice-presidente, o “Brasil nunca saiu da mesa de negociações” com os Estados Unidos, mesmo após a decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados. A declaração foi dada após uma nova rodada de reunião do comitê criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o tema.

“Queria também destacar que nós temos conversado com o governo norte-americano. Nós tivemos uma conversa com o secretário de comércio, Howard Lutelick, uma conversa até longa, que entendo importante, colocando todos os pontos e destacando o interesse do Brasil na negociação”, afirmou Alckmin, a jornalistas. 

“O presidente Lula tem orientado negociação, sem contaminação política, nem ideológica, mas centrar na busca de solução para a questão comercial. E ao invés de ter um perde e perde com inflação nos Estados Unidos e diminuição das nossas exportações para o mercado americano, nós invertermos isso, resolvermos problemas, aumentarmos a complementaridade econômica, a integração produtiva, investimentos recíprocos, discutimos não bitributação, enfim, avançamos numa agenda extremamente positiva”. 

O vice-presidente adiantou também que o presidente Lula vai sancionar na próxima segunda-feira (28/7) a lei do Acredita Exportações, que incentiva “as pequenas empresas a ganharem mercado e poderem exportar mais”. A medida prevê, entre outras ações, um mecanismo de transição do programa Reintegra, com a devolução imediata de 3% do valor exportado para os pequenos exportadores.

Sobre a mensagem de que o governo dos Estados Unidos está interessado em realizar acordos com o Brasil para a aquisição dos chamados minerais críticos e estratégicos, como lítio, nióbio e terras raras, Alckmin não descartou a negociação.

"Existe uma pauta muito longa que pode ser explorada e avançada", afirmou o vice-presidente.

Essa mensagem do governo dos EUA foi transmitida a representantes do setor de mineração brasileiro, em reunião na quarta-feira, pelo encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar. 

Governo brasileiro espera resposta dos EUA 

O governo brasileiro ainda aguarda resposta à carta enviada aos Estados Unidos cobrando resposta a uma proposta confidencial enviada pelo Brasil no dia 16 de maio, enumerando um conjunto de itens em que se poderia avançar no acordo comercial, mas não houve resposta.

Por isso, na terça-feira (15/7), Alckmin e o chanceler Mauro Vieira assinaram um documento, entregue ao secretário Howard Lutnick e ao embaixador Jeremy Greer, do Unites States Trade Representative (USTR), pedindo uma resposta ao documento que foi encaminhado para a negociação.

Alckmin já afirmou que o governo espera resolver até o dia 1º de agosto a questão das tarifas de 50% anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump às exportações brasileiras para os Estados Unidos. Mas ele não descarta pedir adiamento da data para início da cobrança da nova taxa, prevista para o dia 1º de agosto.

"Olha, o que que eu tenho ouvido e e acho que esse é um pensamento comum do presidente Lula e dos empresários aqui envolvidos, do setor industrial, do agro, serviços, comércio. Nós queremos negociação, é urgente, o bom é que se resolva aí nos próximos dias. Se houver necessidade nessa negociação de prorrogar, não vejo o problema. Agora, o importante é resolver", disse.